Acho, não tenho de todo
certeza, que ouvi e provavelmente da psicanalista e poeta Paula Vaz: “A
Poesia é algo de “outro” lugar, não desse lugar.”.
Pois é.
Face à minha caminhada matinal
os tratos deram-se às bolas e me coloquei a pensar sobre essa assertiva e
perguntar-me de “lugar”.
Petulante que sou e perdulário
em gastar minha reserva de idiotia me coloquei no lugar de “artista”, sempre
lembrando de minha mãe que, ao me surrar, dizia aos gritos: “Larga de ser
arteiro, menino.”
Ao artista, genuíno, resta a
margem, nunca aquilo que está sob os ditames do Real, “esse” lugar. Ao artista o
que vale é o verso livre, avesso aos contornos de qualquer natureza
estruturante.
Mas o artista não goza de
loucura, esta patologia. Poucos, sim, a bordejaram e escorregaram a ela, porque
neles já residia algo dali.
Eu, “esse” artista, estou
longe da loucura, porque tenho-a sob controle. Distancio-me do Real, para artear-me,
mas me permito simbolizar a pedra no caminho drummoniana.
Ao Real cabem os livros, os
modelos, as críticas, os prêmios, as trupes, as teorias literárias, as
redondilhas, rimas, estas questiúnculas distantes, e como, do “outro” lugar.
A Palavra é torta e por demais
vaga para dar conta. Ao vitimado pela arte há que deslocar-se e enlouquecer,
por instantes, e drogar-se para a viagem poética.
Nunca é, às vezes, o que está
escrito, sempre é Outra Coisa, quando genuína.
A Arte.
Por isto, as surras.
Há pouco, voltando pra casa,
achei que deveria tirar foto deste poema. (Foto)
Fosse poeta, eu o escreveria.
Para que florescesse...
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