quarta-feira, 8 de novembro de 2023

BESTIAL

 




Não há limite à bestialidade.
Notícia de hoje no Estadão, coluna de Marcelo Godoy:
“No próximo dia 3 os venezuelanos fazem referendo convocado pelo regime de Maduro para saber se o país deve anexar pouco mais da metade da vizinha Guiana. No momento, em que o mundo vive as guerras da Ucrânia e de Gaza e assiste à ameaça chinesa a Taiwan, a Venezuela leva adiante o plano de tomar o território de Essequibo, uma área de 159 mil km² rica em petróleo e minérios.
Trata-se de uma disputa territorial que tem origem no século 19, quando a Inglaterra reclamou a região como parte de sua Guiana. Uma arbitragem internacional patrocinada pelos EUA lhe deu razão. O resultado foi contestado pela Venezuela e nova discussão ocorreu em 1966, quando a Guiana se tornou independente. Tudo foi retomado agora por Nicolás Maduro.
O general Domingo Hernández Lárez, comandante estratégico-operacional das Forças Armadas da Venezuela, também fez publicações apoiando o referendo: “O Essequibo é da Venezuela!”. Vídeos com deslocamento de tropas para a “frente de Essequibo”, próxima a Roraima, foram publicados, como o do vice-almirante Ashraf Abdel Hadi Suleimán Gutiérrez, que disse à tropa formada: “Esse território, por sua história, pela lei e pela tradição é da Venezuela”. Em seguida, ouve-se os “urras” de seus soldados. O próprio Maduro publicou imagens de desfiles militares com a palavras de ordens sobre Essequibo.”.
No sábado, estávamos com Totô e Lelê brincando em casa. De repente, meu filho Vlad, pai de ambos, olhou pra mim e disse:
- Pai, como eles são felizes, né?
Caramba, que amargura.

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

VIVER

 

Amanheci vivo em mais um Dia dos Mortos e me pergunto: o que faço deste dia além de uma reverência àqueles que se foram levando neles a parcela original que em mim permanece?

Sim, eu sou ainda feito dos meus mortos, que impregnaram marcas indeléveis, tatuadas em meu espírito e em meu corpo. Eu sou o legado de tantos de quem absorvi e, além, sigo buscando aquilo, que em mim, ainda quero vivo.

Estou animado? Retiro da palavra o seu radical que grita: Ânima. Alma, energia.

O que está insepulto clamando para que eu deixe ir? Mágoas, ressentimentos, decepções, amores frustrados, ainda que eu próprio não admita: ódio.

E o que em medida maior, está vivo em mim, que ainda me faz buscar o sol, a luz, o tempo?

Quais lutas, pelejas, proponho ainda empreender? O que quero ainda fazer? A nova casinha dos netos? Editar meus textos? Trocar aquela torneira, que insiste em vazar, uma água tão pouca?

Não deixar a vida fluir como se não fizesse sentido e abrir mão daquilo que me deixaram para que eu perpetuasse.

Os jardins de minha mãe, as obras brutas de meu pai, a candura de minha avó materna, o afeto infantil de meu sogro, e tudo daqueles que ainda esperam de mim que a melhor parte deles pro siga.

Eu tenho uma imensa responsabilidade para com os meus mortos por estar vivo. Não quero abdicar dela, esperando que aqueles que de mim descendem e daqueles que porventura marquei, quando eu for, encontrem algum motivo para que a cada 02 de novembro me reverenciem.

A Vida precisa seguir o seu curso.