terça-feira, 3 de outubro de 2023

CA(A)TINGA


 

“Os fins justificam os meios.” (Maquiavel)

Não há síntese melhor para dar conta do que se passa, e há décadas, no Brasil.

Cangaço Novo, a série em cartaz pelo Prime Vídeo, atualiza, para os tempos que correm, esta dramática realidade.

Na real, o país investiga as práticas do juiz justiceiro que, independentemente de métodos e processos, perseguiu o libertador dos menos favorecidos que pilhou cofres públicos para transferir os recursos aos seus projetos de poder.

No filme, um deserdado da sorte com linhagem nordestina, retorna à terra natal para, com as próprias mãos, fazer justiça.

Na ficção o produto dos assaltos, na fala dos próprios justiceiros, é dos bancos, então podem sem roubados e transferidos para o povo.

Na real, não. E a gente sabe de quem.

Cangaço Novo além de servir para a gente se escandalizar com o óbvio, como queria Nelson Rodrigues, é uma excelente produção cinematográfica, com atores muito bem escolhidos, trama intensa em situações simultâneas, violência sem exageros e, pasmem, sem cenas de nudez e sexo gratuitas.

É só a primeira temporada da série.

Na real, ainda há mais de 1000 criminosos para serem julgados, pela cangaçada do 8 de janeiro. “Xandão neles!” grita o Zé Povinho.

"Não se pode justificar uma ação má com boa intenção. O fim não justifica os meios.” (Catecismo da Igreja Católica)

Pois é.

 


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