quarta-feira, 18 de outubro de 2023

GODNEWS

 


 

O desastre climático explicita-se. No Amazonas o rio faz jus ao seu nome. Enegrece. Seca.

Em São Paulo foram roubados 21 armamentos de guerra do exército.

Também em São Paulo, dois cães da irmã de Ministro do STF foram atacados por um homem que já foi indiciado por lesão corporal grave. A polícia está no encalço.

No Rio de Janeiro, acho, Cristina Mortágua, capa da Revista Playboy de 1982 declarou à imprensa estar vivendo penúria financeira: “Minha situação está insustentável.”.

CPI ou será CPMI, conclui relatório e propõe cadeia para o ex-presidente da República. Tem sido assim nas últimas décadas.

Seleção brasileira sofre a primeira derrota para o Uruguai em 22 anos.

Lucas Lima comenta amizade com Sandy depois de separação.

Tin joga hoje à noite a segunda partida do campeonato regional de SC. Liz faz amanhã apresentação no teatro do CIC-SC de Street Dance.

Estima-se em 500 o número de mortos na explosão de um hospital em Gaza.

Ontem ameacei ou decidi deixar esta plataforma pela enésima vez. 

Minha hipocrisia é repugnante.




terça-feira, 17 de outubro de 2023

RUÍNA

 

Se vivêssemos um tempo de memória, nossas retinas estariam fadigadas de tantas tragédias e nossos corações não verteriam mais lágrimas. Segundo o site Wikipédia estão ativos hoje quase cinquenta conflitos bélicos em diversos continentes que mataram milhões de pessoas e continuam matando indiscriminadamente.

Ao perder nossa memória estamos expostos às notícias da semana, ou do mês, e esquecê-las diante de um próximo conflito que toda certeza explodirá.

Vivemos um declínio civilizatório vertiginoso.

Optei por enlouquecer em minha redoma, para não morrer de tanta tristeza. Ocorre que não acho honesto de minha parte continuar compartilhando a dinâmica do cotidiano da minha alienação assumida.

Extenuado de tanto refletir saídas no reduto da minha individualidade, sou obrigado a reconhecer que não existem, no plano da racionalidade, ações objetivas que possam contribuir para, minimamente, atenuar a tragédia pela qual estamos atravessando.

Vou poupá-los deste meu penar.

Faço o meu abandono desta página.





sexta-feira, 13 de outubro de 2023

TERROR

 


Palestinos fugindo da Faixa de Gaza. Foto: O Globo

A sociedade não pode mais querer punir o criminoso e não tratar das circunstâncias que podem estar fomentando e amplificando crimes.

O terror é a miséria, o descaso, a desesperança, o abandono, a ignorância, a falta de perspectiva.

O terror é a ausência de futuro.

Nosso conformismo tem nos levados aos culpados para não nos fazer tratar das culpas, pois é muito mais fácil. Com a prisão ou a dizimação de criminosos repara-se o crime, embora permaneçam as circunstâncias.

A vigilância da mídia e o espaço urbano big brother facilitam a existência da Cidade Alerta. Onde houver um crime, serão flagrados os criminosos, identificados, presos e lançados ao hediondo mundo do nosso equívoco.

O cientista político Francis Fukuyama observa que toda política se tornou identitária. O debate de ideias movido a reflexão foi substituído por um jogo de signos que exibimos nas redes. Este jogo não tolera ambiguidades, sutilezas.

A identidade é étnica, é política, é cultural e vem com um conjunto de opiniões estritas. Ou pensa exatamente aquilo, ou não pertence ao grupo. Mais: é contra o grupo. 

Só que a internet e, portanto, a política corrente, não tolera aquilo que complica. O ruído identitário quer calar a reflexão da qual o mundo precisa como nunca.

Ações em represália ao ato terrorista, intrinsecamente, resultam em uma amplificação do ato em si e convertem-se em combustível propagador da estratégia para desencadear mais terror.

A morte social é o terror.

 



quinta-feira, 12 de outubro de 2023

ALERTA

 



 

A história não é uma anedota com lições de moral.

A explicação real para a disfunção de Israel é o populismo, não alguma suposta imoralidade. Por muitos anos, o país tem sido governado por um homem-forte populista, Binyamin Netanyahu, que é um gênio das relações públicas, mas um primeiro-ministro incompetente. Ele deu preferência repetidamente aos seus interesses pessoais em detrimento do interesse nacional e construiu sua carreira dividindo a nação e fazendo-a voltar-se contra si mesma. Ele nomeou pessoas para ocupar posições importantes com base mais em lealdade do que em qualificação, assumiu o crédito por todos os sucessos, mas nunca admitiu responsabilidade por fracassos e pareceu dar pouca importância tanto em falar quanto em escutar a verdade.

Não importa o que alguém possa pensar a respeito de Israel e do conflito israelo-palestino, a maneira que o populismo corroeu o Estado de Israel deveria servir de alerta para outras democracias de todo o mundo.

 

Yuval Noah Harari em artigo para o Washington Post, publicado no Estadão em 12/10: O horror do Hamas é uma lição a respeito do preço do populismo.

 

Pois é.


segunda-feira, 9 de outubro de 2023

CINZAS

 



Desde os primórdios da civilização até o momento, 7% dos produtores de conhecimentos estão mortos, o que significa dizer que 93% estão vivos e produzindo conhecimento agora. É lamentável que com tantos saberes, agora em crescimento exponencial, nós não consigamos mitigar ou eliminar as razões que levam à alguns movimentos tão perversos, como mais este iniciado no final de semana.

Como se não bastasse, no filme SOM DA LIBERDADE, o protagonista diz: "Um pipelote de pó é consumido em poucos segundos, mas uma menina de seis anos faz cinco programas por noite até os 13 anos." Ele comparava qual tráfico é mais rentável: o de drogas ou o de crianças para a pedofilia. É devastador.

Tenho dúvidas se vivemos em um mundo de fato civilizado. Ressinto-me da minha impotência diante destes fatos justificando a minha alienação dentro de uma redoma colorida.

Às vezes, tenho imensa vergonha de me sentir em paz.


terça-feira, 3 de outubro de 2023

CA(A)TINGA


 

“Os fins justificam os meios.” (Maquiavel)

Não há síntese melhor para dar conta do que se passa, e há décadas, no Brasil.

Cangaço Novo, a série em cartaz pelo Prime Vídeo, atualiza, para os tempos que correm, esta dramática realidade.

Na real, o país investiga as práticas do juiz justiceiro que, independentemente de métodos e processos, perseguiu o libertador dos menos favorecidos que pilhou cofres públicos para transferir os recursos aos seus projetos de poder.

No filme, um deserdado da sorte com linhagem nordestina, retorna à terra natal para, com as próprias mãos, fazer justiça.

Na ficção o produto dos assaltos, na fala dos próprios justiceiros, é dos bancos, então podem sem roubados e transferidos para o povo.

Na real, não. E a gente sabe de quem.

Cangaço Novo além de servir para a gente se escandalizar com o óbvio, como queria Nelson Rodrigues, é uma excelente produção cinematográfica, com atores muito bem escolhidos, trama intensa em situações simultâneas, violência sem exageros e, pasmem, sem cenas de nudez e sexo gratuitas.

É só a primeira temporada da série.

Na real, ainda há mais de 1000 criminosos para serem julgados, pela cangaçada do 8 de janeiro. “Xandão neles!” grita o Zé Povinho.

"Não se pode justificar uma ação má com boa intenção. O fim não justifica os meios.” (Catecismo da Igreja Católica)

Pois é.