- Lozinho...
- Mãe?!!!
- Tudo bem, meu filho?
- Como a senhora quer?
- Como assim? Estou querendo
saber como as coisas andam por aí...
- Depende da narrativa...
- O quê?!!!
- Nunca fatos importaram tão
pouco, mãe. As versões que se propagam é que passam a constituir a realidade...
- Mas sempre foi assim, meu
filho...
- É que agora, com a
tecnologia, as estratégias de massificação de interesses tornaram-se
assustadoras...
- Goebbels...
- Pior, mãe.
- Tome cuidado, Lozinho.
- Estou reduzido à minha
insignificância...
- Não fale assim, meu filho.
- Estou vivendo no sítio,
recluso com meus fantasmas. E está sendo bom de doer.
- Não vá viver igual à sua
mãe, hein...
- Agora que a senhora me diz
isto?
- A solidão, às vezes, é
nutriente, né?
- Outra coisa herdada foi
jardim...
- E eu gostava mesmo, era toda
a minha alegria... Minhas roseiras...
- A senhora precisava estar
aqui para ver os meus jardins...
- Posso imaginar, meu filho.
- E tem os netinhos, cada um
mais amoroso e interessante.
- Adoraria tê-los conhecido.
- A menorzinha, a Lelê, participou
de um recital de piano promovido pela escolinha.
- Que maravilha, meu filho!
- Ela ainda não deixou marcas nos
teclados, só tem dois meses de aula...
- Sei, mas se começou é só
seguir, né?
- Mãe, esteve um coleguinha
dela da mesma idade, sete anos, arrebatador.
- Arte, Lozinho.
- Momentos como aquele é que
ainda me valem a pena...
- Beijos, meu filho, fique
bem.
- Estou bem, mãe. Beijo procês
daí, também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário