A atriz e ativista Jane Fonda
teria dito: “Se você quer mudar o sistema vá para dentro dele.”
Rita foi da passagem ao ato.
À face da dita dura e dos
grilhões familiares católico-protestante, ela opôs-se com seus olhos imensos
azuis, sua meiguice, seus cabelos loiros, vermelhos, ruivos, e sua imensa e
privilegiada inteligência.
E não o fez sem imolar-se.
Enquanto compunha trocentos versos roquirrolantes e sons incandescentes, que
nos balançaram todos os esqueletos e excitaram nossos melhores músculos do
cérebro e do coração, ela submundou nos pós, de todos os líquidos e químicas.
Desceu aos infernos.
Despirocou-se geral.
Até que o nascimento da
primeira neta teria a feito pensar que tudo aquilo era uma “puta caretice” e se
limpou.
Rita é dessas figuras
históricas que fizeram com que perdurassem em nós alguns restos humanos. E sou
daqueles gratos pelo privilégio de ter vivido ao seu tempo.
Sua face final estampa o que
restou de sua luta. Perguntada sobre o que será o mundo sem Rita, a irmã teria
respondido: “O mundo não existe mais sem ela.”.
Lembro de um outro ícone que
se evadiu do sistema por acreditar impossível de transformá-lo.
“Na parede da memória este é o
quadro que dói mais.”
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