Um ilustre diretor de redação de
um jornal de circulação nacional, hoje blogueiro visitadíssmo, me disse certa vez que após o
fechamento da edição do jornal ele reunia a turma da redação e:
- “Vamos ao horóscopo...”
Cada um dos jornalistas presentes e exaustos escrevia uma frase ou outra de cada signo. “Era nossa catarse”. Disse-me, ele. Não havia ainda internet e fechar a manchete às oito/nove horas da noite era pedreira.
Eu lia horóscopo, sempre de manhã, bem cedo. Teve um dia que não li e na hora do almoço quase me envolvo em um acidente dirigindo o meu carro. Quando cheguei em casa, corri para o computador acessei a página e estava lá: “Cuidado, pisciano, possibilidade de ocorrência de acidentes involuntários ao longo do dia.”
Hoje, leio horóscopo no dia anterior da previsão. Sabe-se lá a hora da ameaça ou da oportunidade.
É que eu acordei sobressaltado esta madrugada.
Eu tentei acessar via
computador minhas contas bancárias, pessoa física e jurídica, no final da noite
de ontem e não consegui. Atribuí à manutenção de rotina e como não era algo
urgente decidi deixar para hoje as operações que pretendia fazer.
Às quatro da matina o relógio
ansiológico acionou o cérebro e eu me vi desperto.
Tentei novamente e como diz
Liz, minha netinha, “bugô”, ou seja, encrenca.
Liguei para o suporte técnico
da instituição bancária e entrei numa peregrinação tecnológica. Nas primeiras
ligações a informação foi que não havia registro das minhas contas, belisquei
nos dois braços e fui ao espelho. Tendo sentido o belisco e me deparado comigo
mesmo no espelho, concluí ainda estar vivo e desperto.
O pesadelo durou até às sete
da manhã, quando o atendente disse que a questão estava sendo remetida para
outro nível de complexidade e que a instituição faria contato nas próximas 72
horas.
Desliguei o aparelho
agradecendo ao atendente e resolvi reiniciar o computador.
Num é que minhas contas se
apresentaram vivas?
Fiz as operações que
precisava, saí do site do banco e abri a página do horóscopo que consulto todas
as manhãs:
“Enquanto continuar fazendo a
sua parte com a maior boa vontade possível, não importa o quanto seja
perturbador ter de lidar com bancos, empresas e instituições, pelas trapalhadas
que cometem, ainda assim você vencerá.”.
Pois é.