“O pássaro voa porque tem
asas, não porque é livre.”
Esta frase está contemplada no
texto do espetáculo FICÇÕES, do encenador Rodrigo Portella em diálogo com a
obra SAPIENS de Yuval Harari.
Performance gigantesca de Vera
Holtz secundada pelo músico Federico Puppi, que arrasa num solo de Bach.
Fui no risco. Eu não consegui
comprar os ingressos e fomos pra fila da repescagem, uma hora e pouco antes do
início da peça. A produção abriu para mais treze pessoas, eu e ela estávamos em
11º e 12º lugares.
Deu.
E valeu às pampas.
Harari afirma que o grande
diferencial do homem em relação às outras espécies é a sua capacidade de
inventar, de criar ficções, de imaginar coisas coletivamente e, com isso,
tornar possível a cooperação de milhões de pessoas – o que envolve praticamente
tudo ao nosso redor: o conceito de nação, leis, religiões, sistemas políticos,
empresas etc.
Estamos usando nossa
característica mais singular para construir ficções que nos proporcionem,
coletivamente, uma vida melhor?
Estamos bem? Somos felizes?
Próximo ao encerramento a
atriz dirige-se à plateia com algumas indagações e pede ao público que se
manifeste concordando ou discordando permanecendo sentado ou ficando de pé.
Lembrei-me de certa vez que recebi
mensagem em WhatsApp de Pretinha. Ela postou uma foto e uma frase como se dita
por Liz, minha netinha, então com meses de idade: “Bom dia, vovô. Primeira
vez que, quando acordo, levanto sozinha no berço.”
Em algum estágio da vida as
criaturas ainda se desenvolvem.
Pois é.
O pássaro voa porque tem
liberdade, não porque tem asas.
Isto é uma ficção.
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