terça-feira, 18 de abril de 2023

OLHARES



Sábado encontrei-me com uma amiga que há muito não via.
- Agulhô, então você está ficando no sítio?
- Pois é, sô...
- Não sei como você consegue, Agulhô... Por mim estaria em Paris, olhando pela janela a estação de Metrô...

Vivi, em diferentes oportunidades, arrebatadoras experiências na cidade luz.
Na Estação Trocadéro com projeções de cenas antológicas de filmes realizados ao longo da história do cinema. Eu estava lá quando se comemorava cem anos da sétima arte. Inesquecível.
Ou em museus: A origem do Mundo, o esplendor de Gustave Coubert, no d’Orsay. Claro, a Mona Lisa, no Louvre, com seus olhos fixados em mim. E, no Museu Picasso, a escultura Cabeça de Touro, do mestre que me fez lembrar das aulas preliminares sobre a História da Arte com o inesquecível Moacir Laterza.
Ou quando colocamos um cadeado na grade da Pont des Arts, a ponte dos namorados. O nosso, anos mais tarde, como o de milhares de outros apaixonados, foi retirado. O peso das juras de amor era tanto que havia o risco de ela desabar.
Sem falar em tantas e tantas outras vivências que jamais sairão de mim. Paris é mesmo um esplendor.
Só que, hoje bem cedo, quando caminhava pelas alamedas do condomínio do “sítio”, passando pela pequena ponte sobre um riachinho, senti que é aqui mesmo que eu quero estar.
O perfume doce que exala desperta-me para olhar os lírios do campo.
Doravante, o riachinho, para mim, terá o nome de Cena.

OBS: Se puder, amplie a imagem da foto. Imagine o perfume.


 

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