Acordei sobressaltado na
madrugada pelo som estridente vindo de meu celular, um Iphone versão 8.0. O
número exposto na tela estilhaçada (vitimada por inúmeras quedas) soava como de
instituições financeiras oferecendo serviços de seguro de vida.
Atendi.
Em dupla imagem surgiram Erlon
Musk e Yuval Harari. Solícitos e cheios de desculpas pelo adiantado da hora
foram logo, em português macarrônico (principalmente Musk), me pedindo algo que
custei a compreender face à minha sonolência.
- Agulhor, queremos sua
autorizassom para usar a foto em nossa carta. Suspendemos a divulgassom do
texto para publicarrr com ela.
- Que foto, gente?
- A que você sacô ontem do
varanda do quarto de sua morrada...
- Como sabem?
- O que não saber hoje,
Agulhor?
- E pra que então eu
autorizar?
- Vamos mandar email com
formulário em três via. Você assinar com caneta azul e mandar a primeira via
pelo correio..
- Não vai demorar?...
- Nom, nom...
- Posso ficar com uma das
vias?
- Sim, a via azul...
- Vou guardá-la em pasta
suspensa do meu arquivo de aço. Posso?
- Ser muito bom, disse Harari
colocando uma das mãos no rosto em pose de pensador.
Depois de alguns minutos ainda
de uma conversa atravessada, pedi a eles um tempo para pensar e que eu iria
consultar alguns membros da família.
- Nom demorar, Agulhôr. É
muito orgente!
Pensei em, logo que
amanhecesse, falar com Liz, Tin, Totô e Lelê. Fui desistindo, aos poucos,
quando pensei na reação de meus netinhos:
- Tu tá me tirando, véio?
(Tin)
- Ô Lozada, se liga, véio...
(Totô)
- Vovô, me empresta o seu
celular? Deixa a gente atualizar a sua playlist... (Liz e Lelê).
Resolvi não falar nada a eles.
A foto soará falsa, na carta.
Meu coração não está tão
radiante.
NOTA: Link de matéria sobre a carta: https://www.estadao.com.br/link/elon-musk-especialistas-executivos-carta-aberta-pausa-inteligencia-artificial-npre/
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