quarta-feira, 29 de março de 2023

DESNATUREZA

 


Não, artificial, não. Nem artifícios, tão pouco, com seus engodos.

Prefiro a natureza, ainda que bruta. O real, com a verdade translúcida.

Nem este, de seus pedalinhos e pedaladas, nem aquele de joias. E todos os outros, com seus podres poderes. Para eles, nem Aldo, nem Sérgio. Rui, o Águia. Para a gente não ter vergonha de ser honesto.

Som, pelo som, não. Acorde, tom, harmonia e, sobretudo, letra para entrar cérebros, corações e pulmões adentro, musculando nossa compreensão e nossas paixões, ainda que ensandecidas.

Boquinha da garrafa, não. Dedinho na ponta dos pés, frevo, catira, baião, até quadrilha, daqui de Minas. Em monte de outros rodopio. E junto, coladim. Tango, dos nervoso.

Dinheiro pode ser de plástico, carro pode ser a vácuo, móveis podem ser de excedentes reciclados, os cambau. Os trem podem ser de qualquer trem. Artificiais, porque de uso.

Linguagem, não. Artificial, não.

Palavra é pra ser extraída de lavoura arcaica, terra bruta do tempo vivido, arada, adubada, sugada das raízes, as mais profundas.

Pralavra, da fonte, límpida como entranhas. Repleta de sangue, suor e lágrimas.

Amor de olho, de cheiro, de toque, de gozo.

Mistério, sim. Saber tudo, não. É artifício.

Linguagem de Gente, sim. De Máquina, não.

 

FOTO: Belezura vinda da terra nua na minha morada. Plantei, podo, adubo e rego.

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário