Ontem completei 71 anos de
idade, 80% deles vinculado a organizações empresariais de diferentes portes,
segmentos, nacionalidades e estruturas de capital.
Estive empregado durante vinte
e cinco anos ocupando posições de Contínuo (1967) à Superintendente (1992). Há
quase 31 anos estou como Consultor e Conselheiro, além de professor em escolas
de negócios.
Em todo esse tempo, em nenhum
dia sequer, ouvi outra demanda senão a de inovar e fazer diferença. Nada mais
presente do que o novo, nisso não há nenhuma novidade.
Estive conselheiro de um grupo
que tem em seu portfólio uma empresa centenária cujo slogan é: “Há 160 anos
atualizando a sua tradição”.
Pois é.
101% dos posts no Linkedin
contemplam a demanda citada, sob a alegação de que “o mundo mudou e em extrema
velocidade”. Nada diferente de 1967, quando em ingressava no mercado e, embora
meu cargo fosse de contínuo, o que rolava era profunda instabilidade.
Natural que seja assim e
permaneça. Amanhecer vivas continuará sendo o problema para as pessoas e as
organizações que terão o desafio de fazer cada dia novo e distinto.
Ocorre que nestes quase 56
anos de jornada assisti, participei, contribuí ou sobrevivi a pouquíssimos
processos de inovação, ainda que tenha vivido zilhões de outros movimentos, até
expressivos, de mudança estrutural, portffólio, controle, marketing, supostamente
inovadores.
Inovar não é mover-se em outra
direção. É ser outro, diferente não de outro, mas de si mesmo. Essencial e
radicalmente.
Alguns anos atras atendi um
empresário com o qual, no nosso primeiro contato, travei o seguinte diálogo:
- Então, prezado, em que posso
te ajudar?
- Quero fechar a minha
empresa.
- Pois feche.
- Mas eu não quero fechar a
minha empresa.
Pois é. Quase sempre é assim.
A maioria dos clientes que atendi e atendo são os mais refratários a fazer o
Novo, ainda que responsabilizem os outros e as circunstâncias pela
impossibilidade de fazê-lo.
Resumindo uma estória longa
curta, com este empresário vivi uma experiência marcante de construção de algo
verdadeiramente novo. Nasceu de nossa decisão conjunta de que para que algo de
fato acontecesse na organização da qual ele era fundador, sócio da esposa e de
três filhas casadas, era matá-lo.
E assim foi feito. Combinamos
e em data aprazada reunimos a cúpula proprietária e os principais executivos
dirigentes da empresa e, solenemente, comunicamos a morte do fundador.
Claro que foram montadas redes
de proteção, calmantes artificiais e naturais, água com e sem gás, mas foi
feita a comunicação direta e contundentemente.
Era impensável, até por ele
próprio, que um dia ele poderia vir a faltar. Alguns dias atrás recebi um vídeo
dele comemorando aniversário da empresa. Vivo, alegre e saltitante.
Já pensei em relatar esta e
outras vivências em livro. Resolvi não o fazer. Vai que ele se torne um best
seller e me tire da vidinha que tenho hoje.
Eu quero fechar a minha
fábrica.
NOTA: A foto foi clicada por mim. O ovo foi colhido no galinheiro de minha morada.