Restando dez dias para
finalizarmos o ano e o ciclo de uma administração, devemos nos dedicar,
enquanto país, à reflexão para que possamos adentrar um novo ano com ânimo e
esperança.
Afinal, voltaremos à normalidade
depois de um sanatório geral e ausência absoluta de comando.
Cordiais que somos, deixamos para
nosso país-irmão querido e adiamos para daqui quatro anos a realização de um de
nossos maiores sonhos.
Afinal eles estão em situação
lastimável, enquanto nós, ao contrário, entramos o ano em festa democrática.
Nós temos muito alegria para gastar, podemos abrir mão de hexas.
Temos caixa para promovermos o
reajuste dos salários de nossos administradores e servidores de todas as
instâncias.
O STF, em sua altivez como
guardião da constituição, legisla magnanimamente em matéria de natureza
econômica, permitindo que seja possível lançarmos aos miseráveis migalhas mantendo-os
dóceis e dependentes. Ao final da próxima administração vamos poder comemorar o
atingimento do dobro da renda dos nossos desafortunados. Um filho por ano,
vezes quatro, resulta no valor que cada família receberá no início do próximo
ano. Uma alegria sem tamanho.
Todos os nossos criminosos na
cadeia, João e José da Silva, devidamente sem defesa constituída com processos
que já determinaram sua soltura, mas que lá permanecerão para cumprirem seus crimes
hediondos: são quase sempre pretos, pobres e sem instrução.
Enquanto isto, na posse do
novo governo democrático, comparecerão como protagonistas, coadjuvantes ou
assistirão em suas mansões de luxo, todos os nossos mais brilhantes e queridos administradores,
legisladores, promotores e juízes do passado recente.
De Collor a Sérgio Cabral, de
Carlinhos Cachoeira a Cunha, todos julgados em várias estâncias e soltos por
falhas processuais cometidas por promotores e juízes, alguns deles que ocuparão
senado e câmaras.
Há uma euforia no ar, alguns alucinados
na porta de quartéis de comandantes ausentes, e outros, apaixonados, aguardando
para irem para a praça dos Três Poderes comemorarem a posse que coroa a volta da
democracia.
Teremos 37 ministérios em que nada
será secreto. Tudo será às claras para que ninguém tenha dúvida.
Uma maravilha.
Não vejo a hora de voltarmos à
normalidade.
Ufa!
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