quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

RECONQUISTA

 


Restando dez dias para finalizarmos o ano e o ciclo de uma administração, devemos nos dedicar, enquanto país, à reflexão para que possamos adentrar um novo ano com ânimo e esperança.

Afinal, voltaremos à normalidade depois de um sanatório geral e ausência absoluta de comando.

Cordiais que somos, deixamos para nosso país-irmão querido e adiamos para daqui quatro anos a realização de um de nossos maiores sonhos.

Afinal eles estão em situação lastimável, enquanto nós, ao contrário, entramos o ano em festa democrática. Nós temos muito alegria para gastar, podemos abrir mão de hexas.

Temos caixa para promovermos o reajuste dos salários de nossos administradores e servidores de todas as instâncias.

O STF, em sua altivez como guardião da constituição, legisla magnanimamente em matéria de natureza econômica, permitindo que seja possível lançarmos aos miseráveis migalhas mantendo-os dóceis e dependentes. Ao final da próxima administração vamos poder comemorar o atingimento do dobro da renda dos nossos desafortunados. Um filho por ano, vezes quatro, resulta no valor que cada família receberá no início do próximo ano. Uma alegria sem tamanho.

Todos os nossos criminosos na cadeia, João e José da Silva, devidamente sem defesa constituída com processos que já determinaram sua soltura, mas que lá permanecerão para cumprirem seus crimes hediondos: são quase sempre pretos, pobres e sem instrução.

Enquanto isto, na posse do novo governo democrático, comparecerão como protagonistas, coadjuvantes ou assistirão em suas mansões de luxo, todos os nossos mais brilhantes e queridos administradores, legisladores, promotores e juízes do passado recente.

De Collor a Sérgio Cabral, de Carlinhos Cachoeira a Cunha, todos julgados em várias estâncias e soltos por falhas processuais cometidas por promotores e juízes, alguns deles que ocuparão senado e câmaras.

Há uma euforia no ar, alguns alucinados na porta de quartéis de comandantes ausentes, e outros, apaixonados, aguardando para irem para a praça dos Três Poderes comemorarem a posse que coroa a volta da democracia.

Teremos 37 ministérios em que nada será secreto. Tudo será às claras para que ninguém tenha dúvida.

Uma maravilha.

Não vejo a hora de voltarmos à normalidade.

Ufa!


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