Nada mais cabotino do que “eu
avisei”.
Pois então, em textos aí pra trás
disse que ia ficar tudo do mesmo jeito, só que mais caro.
Edital do Estadão de hoje:
Se quisesse, Lula da Silva
poderia ter recorrido a duas decisões recentes do Supremo Tribunal Federal
(STF) para abandonar práticas que se tornaram praxe no governo Bolsonaro e na
Câmara sob o comando de Arthur Lira (PP-AL). Além de o STF ter declarado a inconstitucionalidade
das emendas de relator, o ministro Gilmar Mendes concedeu uma liminar
permitindo a edição de crédito extraordinário para o pagamento das despesas do
Bolsa Família, o que permitiria “incluir os pobres no Orçamento” de uma forma
bem menos custosa.
Ao desperdiçar essa janela de
oportunidade, o governo eleito mostrou que a PEC da Transição sempre foi a
única opção e deixou claro que alternativas para assegurar a verba do programa
social não passavam de blefe. Os deputados souberam cobrar seu preço e, ao
final, Lula da Silva dependeu da boa vontade regimental de Lira para evitar a
aprovação de um destaque do Novo, dono de uma das menores bancadas da Casa.
Assim, o presidente eleito,
malgrado ter chamado o orçamento secreto de “excrescência” durante a campanha
eleitoral, na prática cedeu o acesso dos parlamentares a nada menos que R$ 21
bilhões em emendas individuais no ano que vem, recursos que não podem ser
bloqueados pelo Executivo e que serão divididos igualmente entre os
parlamentares. Serão R$ 32,1 milhões por deputado e R$ 59 milhões por senador,
a serem destinados a seus redutos eleitorais, com finalidades muitas vezes
controversas e sem qualquer conexão com políticas públicas estruturadas.
Findas as novelas da PEC e do
Orçamento, Lula da Silva terá de montar uma sólida base parlamentar para
aprovar a nova âncora. Espera-se que ela de fato seja “boa, consistente e
viável”, como disse o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, até porque a
PEC da Transição custou muito caro e, já de saída, elevou o nível de gastos
públicos, inclusive os obrigatórios.
Essa imprensa marronzista que não
perde a chance de tirar a alienação da gente.
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