Intoleráveis os tempos a que
nos trouxeram estas duas lideranças.
Um fracasso retumbante as
inúmeras atitudes, de ambos, mais do que repudiáveis e reprováveis, além da ação
ou omissão criminosa em diferentes oportunidades em que era fundamental a
conduta ilibada do principal governante do país.
A liderança pelo exemplo tece
a malha moral e política dos liderados.
Tanto o ex quanto o atual
faltaram e não é por outra razão que os índices de rejeição à um e ao outro são
por demais expressivos, a ponto de pelo juízo de valor de cada eleitor,
escolher um por ser “menos pior” do que o outro.
A grande maioria de nós
sabemos quanto temos que nos esconder em argumentos frágeis para suportar a
nossa posição política. E quanto perdemos lucidez e por força disto, colocamos
em risco relacionamentos de toda sorte em frangalhos.
Os italianos amargaram uma
experiência trágica após a operação “Mãos limpas” liderado pelo juiz Aldo Moro
(assassinado tempos depois), que teve como resultante os anos dramáticos de Berlusconi.
Nos assemelhamos tanto que
deveríamos ter aprendido com eles.
Ainda há tempo e está em
nossas mãos ditar o que desejamos de fato. Tenho pensado em ir às urnas e
anular o meu voto. É tolo aquele que pensa que nessa atitude está um ato de
omissão. Anular o que a história nos fez de abominável é uma atitude de coragem
e sobretudo de lisura política. É dizer, essencialmente, isto NÃO.
Transigir, no entanto, é usar
inteligência estratégica para que a decisão minore os fatores restritivos que
ela contempla. Somados os votos nulos às abstenções podemos ter mais de 30% dos
votos invalidados. Boa parte deles por concordarem que nem um nem outro candidato
merece o posto a que, novamente, almeja.
Estou quase convencido de que
há, no quadro que se apresenta, um risco maior de um desfecho absolutamente
temerário. Refere-se à continuidade do atual presidente.
Ele foi eleito por uma
avalanche democrática impulsionada pela imensa insatisfação de todos nós com o
maior saque aos cofres públicos em 500 anos de má utilização dos mesmos. Nunca
agentes públicos e privados desviaram tanto os suados recursos dos
contribuintes. Uma calamidade impossível de ser escondida. Uma chaga que não se
apaga.
É, para o ex-presidente, o
maior e suficiente senão para não conferir a ele uma nova oportunidade. Ninguém
pode negar, no entanto, que os seus oito anos de governo trouxeram avanços
importantes em várias áreas da administração pública.
Em que pese o perfil caudilhesco
e ultrapassado que vitimou o seu próprio partido de construção de sucessores, o
ex-presidente é reconhecido em diferentes estancias nacionais e internacionais
como uma hábil negociador.
O ex-presidente, dadas as
circunstâncias presentes, parece ser mesmo a nossa opção, mas no meu caso, há
uma determinante.
As próximas 250 horas serão
decisivas. A avalanche anticorrupção vai novamente colocá-lo à prova e é
indispensável que assim seja. Ele terá que demonstrar com argumentos objetivos
e insofismáveis que ele volta a cena, mas não mais para cometer os crimes
hediondos que por sua ação ou omissão foram praticados no tempo que ocupou a
Presidência da República.
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