A QUEM SE INTERESSAR POSSA
Quem me visita, virtual e
corpoalmamente, já deve saber que sou peixes. Um pé na terra e outro nas
nuvens, não necessariamente nesta ordem. E o pior, intensamente.
Cravo na terra meus pés para
ter solidez naquilo que percebo no campo da razão, fincando raízes nas minhas convicções
fundadas em dados coletados com o maior rigor e consistência. Minha carreira
profissional exigiu-me e, sobretudo agora, na posição que ocupo, força-me
apurar.
Com o mesmo tesão, ou até maior,
construo voos alucinados permitindo-me desejos de toda natureza, de ser poeta,
de ser amante, de ser utópico e transformador de minha própria insignificância.
Durante anos guardei-me
contido nas gavetas, até que um dia, impulsionado pelo Vlad, meu filho mais
velho, tomei a coragem de me desnudar em palavras. Subliterei-me e passei a
ser-me inteiro e desnudado em blog e aqui nesta rede alucinante.
Putz, o que revelei de mim
aqui... Caramba, fico imaginando se alguém acreditasse possível, quanto me
consideraria desmesuradamente translúcido.
“Resolvi sair do armário e me
liberar geral. Passei a ser uma libélula esvoaçante, colorida, sensualizada e,
sobretudo livre. Aviadei-me? Não e se tivesse sido, o cu é meu (pelo menos
quando sóbrio, sem álcoois nas veias) e faço dele qualquer coisa além de
expelir meus desnecessários.
Resolvi colocar meus anos, não anus, para
além das telas frias de um computador.”
Sim, diferente de Belchior “eu quero o que a cabeça pensa, mas e sobretudo, eu quero o que a alma deseja”.
Pretinha, minha filha, escreveu em relatório para a preparatória de Jornada da Escola Brasileira de Psicanálise, instituição da qual é uma das coordenadoras na Seção Sul: “A psicanálise não coloca em questão os traumas como experiencias coletivas, mas ela quer saber como esses traumas incidiram nos corpos e na vida de cada sujeito.”
Permito-me a minha psicanálise e quero assumir o meu corpo enquanto sujeito coletivo, não com a intenção de impor ao outro a minha razão, mas fazê-lo saber do meu desejo.
O meu desejo é de poder ser com as minhas idiossincrasias, minhas convicções, e minhas ilusões utópicas.
Não ficarei quetim no meu cantim, no próximo dia dois. Voarei às urnas, numa libélula azul.