Entre minhas ocupações mais
insanas está pensar sobre o declínio do Humano. E onde ele mais me inquieta diz
da perda, inclusive em pessoas supostamente esclarecidas, da capacidade de
simbolizar.
O prazer reduzido ao objeto.
Seguir assim é “evoluir”, como
já apontei aqui, para a impossibilidade da Arte, toda ela, essencialmente, simbólica.
Quando um general se aproxima
de Picasso e lhe pergunta apontando para Guernica: “Foi o senhor que fez isto?”
e o pintor responde: “Não, foi o senhor”, a Arte grita em benefício das
consciências.
Aqui, o Humano.
Há dias venho escrevendo “a
partir” de meus netos e não “sobre” eles. Fui alertado recentemente pelo risco
de expor os seus corpos, podendo fazê-los vítimas da barbárie que grassa.
Dor maior do que este risco
real se fazer presente é o de não conseguir extrair daqueles que me acolhem a
carga simbólica que busco atingir.
Talvez esta seja a dor do
poeta, quando as letras que utiliza não são capazes de implicar em sentido para
além delas.
“Debaixo dos caracóis de seus
cabelos” é um verso que perde muito quando não se tem presente que o poeta
ousou, provavelmente, dizer do que se passava na cabeça de Caetano de “uma
história para contar de um mundo tão distante”.
Roberto compôs para Caetano
quando o baiano vivia exilado em Londres.
Onde vamos parar se uma pedra
for somente uma pedra, nada mais que uma pedra?
“Nunca me esquecerei deste
acontecimento.”
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