- Mamãe.
- O que é, Liz?
- Vovô contava histórias absurdas para você como conta prá mim?
- Algumas...
- Será que ele já contou pra mim todas as histórias que contou pra você?
- Eu acho que ele deve ter inventado outras...
- E você acreditava nas histórias do vovô?
- A gente perguntava pra vovó se era verdade...
- E o que a vovó respondia?
- Que o vovô era doido.
- Porque que a gente chama de doido uma pessoa como o vovô?
- Porque ele faz muita bagunça.
- Eu num acho.
- Eu, às vezes, acho.
- Quando, mamãe?
- Seu avô não fala nada sério. Eu digo pra ele que entre nós não tem diálogo.
- Quê isso, mamãe? Vovô é o mó tagarela.
- Mas só conversa boba. Só comédia.
- Eu não acho boba.
- O que vovô disse pra você que você acha sério, Liz?
- Que ele gosta de mim.
- Ah, mas isso é claro, né Liz?
- Não, mamãe. Não é claro não. Ele gosta mesmo muito de mim.
- E como você sabe que ele gosta mesmo muito de você?
- Pelos olhos dele.
- Pelos olhos? De onde você tirou isso, minha filha?
- Vovô falou que a gente deve sempre de conversar com uma pessoa olhando bem nos olhos dela.
- E aí?
- Se ela não estiver dizendo a verdade a gente vai saber...
- Como?
- Sabendo.
- Isso é mais uma história absurda do vovô, Liz?
- Não é não, mamãe, pergunta pra vovó pra você ver.
- E o que mais de sério que o vovô te falou?
- Que a gente tem que gostar do que a gente estiver fazendo.
- Ah, isso é mesmo importante.
- Então? Foi o vovô quem falou. Isso é conversa boba?
- Não, isso não.
- Eu digo a nossa conversa agora, mamãe... É conversa boba?
- Claro que não, filhinha.
- É diálogo?
- Claro, filhinha.
- Deixa eu ver direito seus olhos, mamãe... Repete o que você falou.
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