Sempre olhei para a frente. Isto piorou depois que tomei contato com uma pesquisa científica atestando que as pessoas sem memória são mais felizes.
Deve ser por isto que, nós brasileiros, rimos à toa.
No meu caso agrava-se, dadas as minhas sandices, quando li em um poema de Maiakovski: “Há um homem feliz. Vive no Brasil.”.
Vladimir não era nem meu amigo e sequer contemporâneo, mas que o poema é um pressagio eu não tenho a menor dúvida.
Certa vez, no entanto, em um pequeno acidente perdi o retrovisor esquerdo do meu carro. Eu estava em viagem com a família e rodei alguns quilômetros sem visão do passado.
Penei.
Só que agora sinto-me obrigado, e com a maior alegria, retornar uma década. À época, mais inteiro, meu coração batia forte e eu podia senti-lo aos gritos dada a ansiedade pela chegada de um dos momentos mais expressivos de toda a minha vida.
A luz de Liz.
Pretinha, minha filha do meio, estava no início do nono mês de gravidez. Fosse eu, gestante, já teria entrado em trabalho de parto.
Só que não. Gozei cada instante da espera. Alimentei-me de diálogos hipotéticos que escrevi travados com minha netinha nos seis meses que antecederam àquele primeiro de agosto com o gosto mais gostoso que gosto pode ser.
Quero revivê-lo agora, apaixonadamente.
Dia 01 de agosto de 2022 Liz, minha primeira netinha, completará dez anos de idade.
Sou eu, Maikovisk.
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