terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

VÍNCULOS

 


- Meu filho...

- Sim, mãe.

- Seus irmãos?

- Eles estiveram lá em casa para almoçar comigo, pelo meu aniversário...

- Apressadinhos...

- A gente não pode estar reunindo muita gente, mãe...

- Sei...

- Só não vieram a Lúcia, em Brasília, e a Jacinta que está com uma gripo forte... E Marcos, também, naturalmente...

- Falaram nele?

- Várias vezes, mãe, lembramos dele sim.

- Sei...

- A senhora sabe?

- Estou te ouvindo, meu filho.

- Todos acima dos setenta anos, né?

- Passa rápido...

- Sim, e para alguns deles tem sido muito difícil, mãe...

- A saúde, meu filho...

- Pois é, Valderez com o mesmo quadro do papai, Lurdinha convalescendo de uma cirurgia, Jeanine com sérios problemas de locomoção e Mauro, internamos ele ontem para uma cirurgia cardíaca...

- Grácia e Getúlio?

- Estão bem.

- Foi bom o encontro?

- Muito bom, mãe. Precisamos fazer mais vezes, há muito o que conversarmos.

- Sim, filho, faça com que isto aconteça.

- Pode deixar, mãe. Todos queremos muito...

- Filho...

- Sim, mãe.

- Não deixe de ouvir as histórias que seus irmãos te contam, principalmente porque são mais velhos do que você...

- Sim, mãe. Vou estar mais atento.

- Eles têm muito a te dizer...

- Com toda certeza, mãe.

- Beijo, meu filho.

- Beijo, mãe.


3 comentários:

  1. Lozinho,
    que sensível exercício este de conversar "com" a vovó. Cria uma atmosfera onde os sentimentos nobres, como os de Mãe e Filho, encontram espaço para se manifestarem.

    Sobre o almoço, o qual tive a enorme alegria de participar, posso ser sua testemunha para contar para a vovó exatamente o que já falou caso ela tenha ficado com dúvida !!

    A escolha do título deste post, VÍNCULOS, é perfeito. Por vários momentos naquele dia refleti sobre as conexões que as recordações que você e os demais tios relataram. Criei a imagem de uma árvore com seus vários galhos que se dividem em ramos, nos filhos, e estes se dividem novamente, nos netos e assim seguirá pela eternidade. O caule (tronco) desta árvore pode ser a vó Leni e conta com as raízes, fortes e valentes, na figura do querido vovô Pepe.

    Esta árvore se mostrou saudável, feliz, com muitas flores, e cheia de vida apesar das dificuldades que cada um enfrenta. Eu estava ali, gravando tanto no celular quanto em minha memória e consciência as humildes e generosas manifestações de gratidão por você. Seja desde a singela recordação da Karla com os picolés que você nos presenteava ao visitar a casa da vovó, até os vários momentos onde você e Vera tiveram participação direta ao ajudar de várias formas (oferecendo casa, compreensão, uma boa conversa, solucionando problemas de saúde, financeiros entre outros). Esta árvore, chamada família, se nutre do afeto que cada um pode oferecer ao outro, e tivemos no final de semana uma inesquecível oportunidade de sentir esta força.

    Este almoço foi o almoço dos vínculos: o vínculo com si mesmo, o vínculo com o outro e, a partir destes vínculos físicos, podemos construir vínculos metafísicos que nos aproximam de Deus (campo espiritual).

    Que venha os 70 anos e muito mais depois !!!

    Forte abraço.

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    1. Gratidão pelas suas palavras e desejaria que os demais presentes tenham experimentado os mesmos sentimentos, Julinho. Você sabe, este texto quer transcender à nós, nossa família. Ele quer ser um manifesto político da importância de buscar harmonia e não discórdia em um momento mais do crítico para todos nós. Abraço, querido.

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  2. Sim.... precisamos transcender o que a aparente realidade da vida nos apresenta. Não é algo trivial. Abraço!!

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