- Ei, meu filho... Tá
chegando, hein?
- Nunca estive tão perto dos
setenta...
- Tem a resposta, Lozinho?
- Mãe, não há resposta...
- Nananinanão, menino! Não me
venha com esta conversa. Sem chance, meu filho! Coloque-se a pensar e me diga
algo, você teve muito tempo pra isso...
- É que...
- Num tem quê, nem porquê e
quequerequê...
- Você quer o ponto na ponta
da língua de cor e salteado?
- Exatamente isso, meu filho.
Você nunca teve dúvida disso.
- Você não mudou nada, né mãe?
- E você acha que eu me
esqueci das suas manhas?
- Ô, mãe, pega leve...
- Eu pegar leve? Estivesse aí
eu pegaria era o chicote...
- Nem me lembre...
- Que tempos, Lozinho...
- Eu era feliz e não sabia...
- Apanhando de sua mãe?
- Sabe o que mais eu odiava
quando você me batia?
- Odiava?
- Era que você batia e mandava
eu parar de chorar...
- Como mãe eu posso parar de
chorar se você está me batendo? Lembro disso, filho.
- Inclua isto na resposta do
dia 27...
- Como assim?
- O ódio, mãe...
- Não vou conseguir esperar
até dia 27, meu filho...
- Não aprendi a odiar, mãe.
- Filho...
- Aquela lição, quase diária,
me forçou a compreender.
- Você me perdoou, meu filho?
- Não se trata de perdoar,
mãe, trata-se de compreender como já te falei.
- Meu filho, vou desligar,
hoje foi muito pra mim...
- Pra mim também, mãe.
- Beijo, meu filho.
- Beijo, mãe.
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