- Dormiu bem, meu filho?
- Sempre durmo bem, mãe... E
sonho muito...
- Até dormindo você sonha, né?
- Pega leve, mãe!
- Não, Lozinho, acho super
legal você viver nas nuvens...
- Espirituosa hoje, hein,
mãe?!!!
- Eu? Espirituosa, meu filho?
- Ainda te vejo inteira mãe,
com aqueles cabelos ondulados e acinzentados e seus vestidos mais
arrumadinhos...
- Você me achava bonita?
- Isso não é pergunta que uma
mãe deva fazer para seu filho...
- E por que não?
- Se eu te responder que
sempre te achei um bucho?
- Eu te dou uma coça!
- Então? Pra mim você é
linda...
- Adoro esse seu jeito espirituoso,
Lozinho.
- Se bem que eu ainda tenho
umas carnes e ossos em volta, né mãe?
- Efême...
- O quê, mãe? Não ouvi.
- Deixa pra lá. Me diga uma
coisa: com que você sonha?
- Não conto nem pro meu
analista.
- Você vai à um analista?
- Vinte e quatro horas por
dia, marcação direta.
- Vera pega muito no seu pé?
- Eventualmente em outras
partes...
- Kkkkk... Você é muito bobo!
Vamos lá, pra sua mãe você pode dizer...
- Quais partes?
- Não sô! Eu tô lá querendo
saber de suas intimidades?
- Não sei como é aí, né mãe?
Vai que você tenha esquecido como é a coisa...
- Kkkk, você não presta!
- Não conto pra ninguém os
meus sonhos, mãe.
- Você tem receio de que
alguém possa interpretá-los?
- Receio? Não, já que conviver
faz parte esta troca, e há sim sonhos que podem e precisam ser trocados...
- De que sonhos você está
falando, então?
- Daqueles que palavras não
expressam...
- Você me deixou curiosa, não
sei se consigo esperar até o dia 27, meu filho e...
- Mãe, você se importa se eu
for agora? É que eu tenho um casamento e estão me esperando...
- Quero muito saber seus
sonhos, filho...
- Dia 27, mãe.
- Vou te cobrar, meu filho...
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