- Mãe?... Ô, mãe...
- Oi, meu filho. Estou aqui.
- Uai, eu consigo?
- O quê?
- Ligar com você?
- Por que não, meu filho?
- Achava que era só de você
para comigo...
- Ora, menino, deixa de arte e
continua o que estava dizendo...
- Não sei se saberia, é que há
muito a dizer.
- Apenas diga, além da fome e
das guerras...
- Pois é, mãe. Há uma
pandemia...
- Uma tristeza, meu filho. Eu
nasci sob a gripe espanhola, né? Os cientistas fizeram tanto para sanear e
ainda assim...
- Não há limite à estupidez,
mãe. Quando vamos, de fato, aprender?... Mãe? Mãe?...
- O que é meu, filho?
- Te fiz uma pergunta.
- A resposta já não está mais
comigo.
- Como se não bastasse, há
ainda o agravamento do clima.
- A banalidade do mal, meu
filho. São séculos de exploração nefasta da natureza.
- As cercas naquela estrada
para Santa Luzia...
- Na Beira Rio?
- Sim, mãe. O Rio das Velhas
transbordou e depois que baixou deixou as cercas repletas de resíduos
dependurados... Uma imagem que vale mais do que mil palavras.
- Com tantos sinais e ainda
assim, não é, Lozinho?
- Tenho receio de te fazer uma
pergunta...
- Faça.
- Como Ele vê isto?
- É mesmo preciso que Ele se manifeste? Mais?
- Acho que todos nós que
estamos aqui gostaríamos de saber. Até quando, mãe?
- Filho, você está cansado.
Trabalhou o dia inteiro. Vá se deitar, vai. Amanhã a gente continua conversando,
pode ser?
- Claro, mãe. Boa noite.
- Dorme com Deus, meu filho.
- Você também, mãe. Dorme com
Deus.
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