Recebi em casa, hoje, a meu pedido, visita de uma Corretora de Imóveis.
Estamos inclinados a transferir nossa morada
para outrem que possa usufruir, enquanto viver aqui, a mesma ou maior
satisfação que experimentamos ao longo de três décadas.
A jovem, de posse de uma prancheta e de seu aparelho
celular, percorreu lentamente por todos os espaços, fazendo anotações e tirando
fotos.
Durante o percurso conversamos sobre o mercado
de imóveis no momento, correlacionando com as características da propriedade, poço
artesiano próprio, aquecimento solar, área de lazer com sauna, piscina e
campinho de futebol, casinha de bonecas, gangorras, cozinha mineira com fogão à
lenha, diversidade de árvores frutíferas, jardins e o belo galinheiro/coelheiro
que conferem ao todo um caráter peculiar e original.
Concluída a visita técnica, na saída perguntei
à corretora qual era a expectativa de realização da venda.
Notei que ela aparentava uma certa tristeza,
enquanto me respondia:
- Agulhô, você conhece a história do amigo do
Olavo Bilac que queria vender um sítio e pede ao poeta, que conhecia a propriedade,
fizesse um relato para que ele, o amigo, pudesse anunciá-la?
- Não. Se conheço, não me lembro agora...
- Bilac, alguns dias depois, teria escrito e
passado ao amigo o bilhete: "Vende-se encantadora propriedade, onde cantam
os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo. Cortada por cristalinas e
marejantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a
sombra tranquila das tardes, na varanda".
- Ô, loco!
- Pois é, meses depois o poeta reencontrou o
amigo e perguntou-lhe se havia conseguido vender a propriedade.
- E aí?
- Nem penso mais nisso Sr. Bilac! Quando li o
anúncio que o senhor escreveu é que percebi a maravilha que tinha nas mãos.
Estou quase certo de ter me equivocado na
escolha da Corretora.
Ou não.
Até breve.
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