terça-feira, 23 de novembro de 2021

MEADA


 

Quem perde seu tempo me lendo sabe da minha paixão por futebol. Jogá-lo, mais do que debatê-lo, ainda que em mesas de bares (o debate, claro). Até antes de casar estive em todas as peladas possíveis, depois preferi outra pelada.

Sério, fui bom de bola. Hoje no Veredão (campinho da minha morada) divirto-me com os netos jogando o que eles chamam de “toquinho”. Pois é.

Na adolescência e juventude os que me viam jogar me comparavam com Tostão, o que me irritava profundamente. Não por ele, que eu admirava, mas porque diziam que eu era “igual a ele”.

Eu sempre quis ser igual e diferente só de mim. Nunca quis ser outro, até porque ser-me já era tão divertido, que nunca (nunca mesmo) quis estar sob a pele de outro.

E vou confessar algo muito íntimo: ser-me não é para qualquer um, dá um trabalho imenso porque, inacabado, estou sempre caindo em buracos de mim, alguns até abissais.

Quando apanhava de minha mãe, as surras eram embaladas por uma cantilena inesquecível: “Você não se emenda, menino!”. Vou morrer, estou certo, desemendado.

Fiquei pensando nisso depois que assisti ao vídeo do Roberto Crema. (link abaixo)

Nele, Roberto diz de uma neopatologia social: a Normose.

Achei legal dar nome ao que “enquadra” um olhar para a realidade. As realidades que vão se incorporando à paisagem por uma conduta de “normalidade” que, a mim, desemendado (portanto, desnormal) assusta, para não dizer que angustia.

Pretinha, meses atras, mandou-me via WhatsApp uma foto do Tin. Se me lembro ela colocou os dizeres: “Pai, ele teve a quem puxar”.”

Tomara que ele não se emende.





Até breve.

Link CREMA 


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