Além da infinita ignorância e
do humor, citados em post anterior, a Vida contemplou-me com outros
privilégios.
Espiritualidade em lugar de
religiosidade. Aqui, como em quase tudo, não me tornei (até este momento) um
homem partido. Tivesse nascido em outro país, levado por força de
circunstâncias, eu poderia restringir-me ao contrário do catolicismo (aqui
predominante?), ao judaísmo, ao budismo, ao islamismo, ao hinduísmo, a outros
ísmos, sabe-se lá quantos e quão dogmáticos.
Preferi crer, se é que creio,
na transcendência, face à minha óbvia insignificância. Restringir-me a crenças
de quintais de significantes é supor dar conta, como os loucos. Que acreditam.
A minha infinita ignorância e
senso de humor, somada à espiritualidade, aqueceram meu coração e cérebro
quando, em minhas andanças mundo a fora, deparei-me com a inscrição na porta de
entrada da Capela dos Ossos, em Évora-Portugal: "Nós ossos que aqui
estamos pelos vossos esperamos.".
É bom demais saber que eu não
estou com esta bola toda. Um dia esta bisnaga de carne transformar-se-á em
carniça. E todos os meus quintais perderão significados temporais.
Minha paixão é o futebol e não
bandeiras. Na infância e juventude fui Cruzeiro, em deferência a meu pai, outra
paixão. Depois que ele se foi, fiquei com o futebol. Todo ele, de uma pelada da
várzea a Champions League, Real, Barça, Liverpool, eu quero é ver Cristiano,
Messi, esses sujeitos transcendentes. Independentemente das cores de suas
vestes.
As décadas de Vida que se
acumularam em torno de mim, colocaram-me ainda mais à margem. Não fosse meu
senso de humor eu não suportaria minha infinita ignorância e embarcaria num
desses caixotinhos dogmantes.
Seria Lacaniano, ou quem sabe,
Freudiano. Ou Petista. Bolsonarista? Comunista. Existencialista. Epicurista. Capitalista.
Frentista. Dentista. Xintoísta. Ametista. Contista. Romancista. Poetista.
Artista. Crista. Escrachadista.
Rir desta porra toda é do
caralho, falô?
Não sou, por isto. Portanto, vago
pela terceira margem do rio. Mesmo que seja pecado.
Para quem entendeu, sobre transcendência,
os ossos bastam.
No próximo post falarei de
outro privilégio: o gôsto, assim mesmo, com chapeuzinho.
Até breve!
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