Outro dia escrevi aqui que
havia amanhecido vivo e que isto vinha acontecendo há vários anos.
E continua.
Hoje tomei uma decisão: vou
suicidar, vou me suicidar, vou suicidar-me, vou-me suicidar. Seja a construção
sintática que for, se sintática, o fato é que a decisão está tomada.
Não amanhecerei vivo.
Espera, amigo, embora a
decisão esteja tomada, falta escolher o motivo e o quando, e aqui reside o grande
obstáculo para que eu não realize o feito, amanhã, pelo menos. Assim, não há
razão para que você se alarme, ligue pra mim, mande alguém ligar, enfim tente
dissuadir-me, pelo que, de pronto, agradeço.
O quando depende do motivo,
portanto, a grande dificuldade está na escolha, porque não são poucos para que
eu dê cabo de minha vidinha.
Estou convalescendo, com imensa
angústia, de uma perda afetiva. Por si só seria uma razão mais do que
justificável.
Há outras, ainda que
secundárias.
A dor pela constatação do que
ambientalistas vem nos sinalizando há décadas: a mudança climática, fruto de
nossas mais do que criminosas e aberrantes ganâncias. Toda vez que chego na
sacada do meu quarto deparo-me com a agonia das árvores da mata defronte.
A dificuldade absurda
recentemente adquirida de me relacionar socialmente, especialmente quando em
grupo cujo tema é o quadro político. Quando estou com “nós”, não me sinto parte
e não compreendo o que “nós” quer dizer de “eles”. Quando estou com aqueles que
suponho ser “eles” daquele “nós”, o mesmo ocorre. Não há lugar para “Eu”. Ou Eu tenho quer ser de um nós ou tenho que ser de um eles.
Meu pai padeceu anos do Mal de
Alzheimer. Não é essa terrível doença que temo contrair, mas do Mal do Ódio.
Por absoluta ingenuidade, ou incompetência adquirida, não consigo atualizar-me para
esta prática. Estou analfabeto social.
Todos os meus acolhimentos de
comentários no FB são com: AMEI.
Outras questões, menos
relevantes, me afligem, como a devastação da cultura, a mediocrização dos diálogos,
o oco do vazio.
Talvez porque seja segunda-feira.
Lembrei-me de meu caseiro já
falecido: seu Divino. Eu vinha para o sítio somente nos finais de semana e
reclamava com ele que as plantas estavam muito sofridas.
Ele, honrando seu nome, sempre
dizia:
- Ô, Gulhô, cê vai vê nas
água... Elas renasce tudo travez, sô!
Até breve.
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