terça-feira, 3 de agosto de 2021

UTOPIA

 


“Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da Luz, a estação das Trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero…”. (Charles Dickens, no Conto de Duas Cidades).

 

Três mega explosões abriram o Terceiro Milênio: a demográfica, a tecnológica e a financeira. Bilhões de anos para que a Humanidade chegasse em 1810 a 1 bilhão de pessoas vivas sobre o planeta, em 1910 (um século depois) chegamos a 2 bilhões e em 2010 a 7 bilhões.

93% dos produtores de conhecimento desde o início da história humana estão vivos agora (portanto, 7% estão mortos) produzindo conhecimento inter e multidisciplinar, entre eles a Inteligência Artificial. A riqueza gravitou da economia para as finanças e do Estado para o Privado. Capitais financeiros de pessoas físicas sem lastro na economia real gravitam 24 horas por dia em infovias, produzindo capital sobre capital sem nenhum emprego de meios de produção, entre eles capital humano.

Tecnologias produziram revoluções disruptivas muito mais amplas do que aquelas trazidas por movimentos sociais. O atual desenvolvimento tecnológico, especialmente no campo da telemática, somado à disputa da riqueza com interesses públicos e/ou privados apontam para uma encruzilhada histórica.

O conjunto destas mega explosões determina a necessidade de pensarmos a partir de outras referências conceituais para que possamos empreender ações objetivas. As réguas do passado recente não servem para medir as complexidades do futuro imediato.

Vivemos o advento da "sociedade incivil" aquela em que o Estado se mostra incapaz de liderar e financiar a superação dos desafios que se apresentam.

Nunca, como agora, o Estado do Bem-Estar-Social apresentou-se tão utópico.


Até breve.


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