segunda-feira, 23 de agosto de 2021

SEMFOTO

 

Há algo de amargo a relatar.

No sábado, em dia inútil, portanto, uma ilustre desconhecida juíza substituta federal da comarca da capital do país, houve por bem, “concluir” alguns processos contra o ex-inquilino que passou pelo Palácio Alvorada durante o período de 2003 a 2010.

Analisados os autos a juíza entendeu que parte das imputações feitas ao ex-presidente já estavam prescritas e não poderiam mais ser utilizadas para eventualmente processá-lo. Caso das acusações de que ele praticou os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter recebido 700.000 reais em propinas da Odebrecht e 170.000 reais da OAS. Por ter mais de 70 anos de idade, os prazos de prescrição são reduzidos à metade.

Assim, para todos os efeitos práticos, no período apontado não ocorreram crimes alarmantes de corrupção que poderiam responsabilizar direta ou indiretamente o mandatário do país à época. Revogam-se também as brigas com ameaça de morte havidas entre pai e filho controladores de uma das empreiteiras arroladas no processo.

Arquive-se.

Projete-se o cenário. Daqui alguns anos, depois de vários custos aos contribuintes incorridos, uma juíza substituta federal da comarca de Pindamonhabeiras, concluirá o processo de acusação de responsabilidade direta ou indireta do mandatário do país no período de 2019 a 2022 por parte das mortes ocorridas por COVID 19.

Como o processo estava eivado de lapsos técnicos não será possível consubstanciar provas de que tenha ocorrido pandemia no país no período em que o acusado ocupou o palácio do desgoverno.

Convidados a se manifestarem o Presidente da República, Eduardo Cunha e seu vice Sérgio Cabral afirmaram: “Mais uma prova inequívoca da higidez das instituições democráticas.”.

Arquive-se.

Em 27 de fevereiro de 2022 eu, por minha fez, cometerei um crime hediondo e como estarei neste dia completando 70 anos de idade, receberei o benefício da inimputabilidade.

Queimarei o meu título de eleitor nos jardins de minha morada. Tornar-me-ei expatriado, refugiado em meu próprio país.

E vou cuidar de jabuticabas e netos.


Até breve.


Nenhum comentário:

Postar um comentário