Amanheci vivo.
Este problema tem ocorrido
comigo há anos. Invariavelmente sou desafiado a cumprir agenda, previamente
construída pelos problemas trazidos de dias anteriores ou até, pasmem, com
propostas de inventar outros. Nem sempre mais interessantes.
Hoje, por exemplo. O que faço
com o fato de ter amanhecido e vivo?
Há agravantes na medida em que
os anos têm passado, já que a hipótese de qualquer hora destas eu nem durma
vivo, quanto mais amanhecer nesta condição. Claro, deverá acontecer comigo
também.
Juro que estou meio enfarado
de amanhecer com a mesma percepção de dias anteriores em relação a problemas que,
embora me ocupem, objetivamente eu não tenho a menor condição de equacioná-los
na extensão que se apresentam e nem na potência de resolvê-los.
Tipo a loucura que tomou conta
do entorno. Todo dia que amanheço me deparo com uma mais escatológica, histriônica
não fosse trágica. Palhaços coringos não faltam. E a claque fica cada dia que amanheço,
daí o problema, mais insana.
Aqui, neste veículo de dois
bilhões de usuários no planeta, então...
E, o pior, livre, solto, amplo
e restrito aos humores dos censores sabe-se lá quem.
A Humanidade, a cada dia amplia, a oportunidade de se tornar mais tantan (acho que é assim mesmo que
escreve a patologia). Ícones inspiradores e celebres não faltam, é difícil até
de escolhê-los já que a profusão com que aparecem é um trem de doido.
Eu mesmo, às vezes, me pego em
vibe transloucada e, como na medida em que os dias vão passando eu amanheço
mais enfarado, sartofora de veio tóxico.
Nas duas semanas passadas
tomei doses de antídotos que me imunizam, espero, por alguns dias vindouros:
netomicina na veia.
Em família, perguntei à Lelê o
que ela gostaria de ser quando crescer:
- Pilota de avião, vovô...
- E você, Totô?
- Pensador.
- Hein?!!! O que faz um
pensador?
- Estou pensando, vovô...
Isto tem me livrado de
amanhecer com a vontade de ir para as ruas empunhando mastro com bandeira.
Roxa, claro.
Até breve.
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