"Quando a delinquência é envolvida por uma pandemia renegada por quem está no poder, chegamos a esse meio milhão de mortos reveladores, ao fim e ao cabo, de nosso descaso por nós mesmos. Escrevo como perdedor já que faço questão de honrar as minhas perdas. É assim que o meu coração se solidariza com o dos sobreviventes das 500 mil vítimas. Um coração e uma alma que se envergonham de testemunhar um vírus sabotado pela onipotência e pelo egoísmo de um presidente que ficará na história como um traidor das promessas feitas solenemente ao povo que o elegeu." (Roberto DaMatta)
Tenho dito e escrito que
deveríamos (todos) nos considerar privilegiados. Especialmente, por uma razão
específica. Somente daqui 979 anos a Humanidade cruzará uma década, um
centenário, um milênio. Simultaneamente. Claro, se seres humanos ainda houver,
ou mesmo, o que se fizer deles.
A Vida nos lança à uma única
certeza e a infinitas escolhas. A certeza é universal (no futuro todos nós
morreremos). As escolhas, em que pesem as circunstâncias, são individuais.
A Humanidade atingiu sua “maioridade
legal” em 2021, vinte e um anos após o instante zero do terceiro milênio. Para
memorá-la fomos vitimados universalmente por algo simbólico: a inexorável e
iminente abreviação da certeza.
Estudos dão conta que, no
Brasil, aqueles que perdemos para a COVID, abreviaram em 18 anos (em média) a
sua partida. São cálculos críveis: média da idade das pessoas que evoluíram
para óbito (tétrica expressão da medicina) versus a expectativa estimada de
vida.
A mim não interessa a certeza,
como poemou Manoel de Barros; “A morte é indestrutível.”. Pelo menos até aqui.
Restam-me as escolhas e esta é
a questão que está posta.
O que tenho escolhido e quanto
o que escolho tem contribuído para que décadas, centenários, milênios guardem
de mim uma insignificante, porém decisiva manifestação orientada para o Bem, O
Bom e o Justo?
Em que pesem todas as
circunstâncias...
Até breve.
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