Revelador o discurso de
abertura de campanha do ex-presidente.
É indiscutível que ele seja a nossa
maior expressão da política institucional brasileira. Brilhante orador,
extraordinário carisma, habilidoso nas palavras que excitam à plateia e a sensibilizam
às lágrimas.
Por uma única razão: ele
revela o sentimento que está presente na quase totalidade dos brasileiros,
especialmente no momento presente, quando a lacuna de governo é abissal além da
figura detestável do atual mandatário do país.
Líderes como ele são
necessários porque conseguem fazer ecoar, através deles, a foz das ruas. Não havendo
mais o PT de raiz, nem a bandeira vermelha, resta de uma oposição apenas esse
baluarte.
Esta pode ser a parte positiva
do seu retorno à cena. Ou não.
O ex-presidente joga com a
possibilidade absoluta de ter o volumoso cabedal de processos contra ele
prescritos, na medida em que (também por força de quase líquida suspeição do
juiz que o julgou) tornam nulos os autos dos processos já julgados.
Portanto, ele pode ser sim um
dos principais candidatos em 2022, com chances objetivas, aos olhos de hoje, de
vencer as eleições.
Ocorre que, o discurso de
abertura de campanha do ex-presidente vela, esconde, camufla a parte mais torpe
de sua passagem pelo Planalto. A amplificação da corrupção endêmica e
cancerígena que campeia há décadas neste país.
A mim repugna a lógica usada
por ele para colocar em questão a Operação lava jato, demanda explícita das
ruas em junho de 2013 que, afora os supostos equívocos processuais e/ou
interesses duvidosos do juiz que a conduziu, prestou uma contribuição histórica
ao país. E a ele, como a boa parte dos que ocupam cargos no legislativo e
executivo interessa que ela vá mesmo para o ralo.
O discurso ainda vela e não se
responsabiliza pela tragédia que se transformou a sua sucessão, fazendo com que
a pobre senhora fosse vítima de vorazes e perigosos ratos de navio em
naufrágio. Aliás, se bem me lembro, ela não estava presente no palanque de
hoje.
A mim revolta, ainda, a conduta
das lideranças deste país: a imensa incapacidade do executivo de plantão, a mais
do que intempestiva e inoportuna pauta do judiciário e, agora, o lançamento
precoce de campanha de um oportunista.
A Copa do Brasil, parece,
começa esta semana e eu espero que ela termine. Se houver atletas e plateia.
Até breve. Espero...
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