Meu pai tinha uma oficina de
mecânica pesada em um balcão em frente à nossa casa em Santa Teresa. Ele
trabalhou a vida inteira sozinho, nunca teve sequer um ajudante. Ele modelava
peças gigantes de equipamentos para indústria cerâmica, plainas, tornos,
betoneiras, marombas. Levava para um amigo que tinha uma fundição no bairro
Floresta, fundia em ferro e montava usinando-as e apertando até a última porca
de cada parafuso. Sozinho.
Minha mãe, de quando em vez,
adentrava a oficina e com seu jeito doce de ralhar com o marido bradava: “Pepe,
como você consegue viver com essa tralha toda? Vou mandar os meninos limparem
isto agora!”
Os meninos eram eu e meu irmão
mais velho dois anos, Getúlio. Tralha era todo tipo de inservíveis que meu pai
ia depositando pelos cantos da oficina, peças substituídas, pedaços de paus,
limagem de ferro, os cambau.
Entenderam, não?
Pois é, ontem a Justiça trouxe
de volta à oficina de horrores uma peça mais do que usada, de utilidade
nefasta.
Que falta faz uma mãe de
chicote, vara de marmelo ou chinelo em punho, para fazer com que seus meninos
limpem de vez essa tralha.
Até breve!
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