Este texto vai para todos
aqueles que acompanham a minha carreira futebolística de quase uma década. E
para os recém-chegados que, incautos, acham.
Seja aqui ou no Facebook bati
uma bolinha quase diária, mais no início, depois, com o passar das pelejas,
rariei. Hoje, aqui, quase não jogo.
O jogo ficou ruim, sem graça,
chocho. A bola ficou quadrada, ou fui em quem desenvoquei, no sentido de ter
perdido a vocação para despalavrear nas quatro linhas.
A carreira vem de décadas, mas
de fato saí-das-gavetas só agora nos sessenta, quando veio Liz, aquela flor.
Foi um golaço, de placa, daqueles de driblar tudo e todos e jogar lá onde a
coruja dorme.
Teve uma época, depois de eu
me apresentar com as infâncias, passei a atacante na puslítica, batendo da
medalhinha pra cima, mandando cartas diretas para palácios, os cambau. Nenhum
deles ficou ileso. Chamei todo mundo pro jogo.
Joguei sempre limpo, embora
duro. A pobre senhora, que tomou cartão vermelho sem VAR, o
Homem-mais-puro-do-mundo, o Verdugo, até esse daí para quem não consigo fazer
nenhuma embaixadinha de dois.
De repente destransei, chutei
o balde e disse esafof pra puslítica.
Coloquei em campo meu
repertório de jogadas sofríveis com contículos, poemóticos, uns lancezinhos sem
pé-nem-cabeça, que nem eu próprio entendi.
Aí veio a pandemia e
zimbrolhiou tudo, mas ao mesmo tempo, me jogou na várzea, campo aberto que você
pode dar chutão que não tem vizinho.
Entrei de sola em reforma da
morada, caramba como foi bom e importante esse ensimesmamento compulsório,
compulsivo e compassivo. Ninguém pode polemizar com os meus intestinos. Minha
morada, meus netos, minha vidinha desinteressante.
Aqui toda hora pinta um lance,
tipo jardins, pomares, luares, ilustrados com palavrinhas singelas, toscas...
Quem curte viaja como alienes.
E os netos, minha jogada com
tabelinha mais extraordinária e que ficará nos acervos mais relevantes de minha
carreira? Ninguém mais dá conta.
E teve gente aqui que deve ter
achado que meu jogo tem a ver com a exposição da morada e da felicidade com os
netos, apenas.
No fundo, gol mesmo, seria
aquele que levasse a pensar. Tipo eu com a construção do galinheiro. Fiz pros
galináceos um chalé-de-montanha, com ar refrigerado, comida do bom e do melhor,
vista para a mata, para que seus carcarejares ecoassem no silêncio madrugada
adentro.
Dentro do galinheiro sete
cochos com relva quentinha e aconchegante para a bota dos ovos. Entreguei tudo
de bandeja com a maior dedicação e carinho.
Elas? Botam hoje, fora do
galinheiro. Furaram um imenso buraco debaixo de um viveiro para pintinhos e
botam ali, como se me dissessem: “Eu sei o que eu quero.”.
É nisso que dá um sujeito que
não conseguiu se definir na carreira.
Até breve.
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