Amigos
queridos privilegiaram-me com comentários instigantes e complementares no
último post, pelo que agradeço imensamente.
Em
alguns o retorno é de que o texto os levou a refletir. Sou marcado por esta
palavra. Refletir é pensar o já pensado, só que em “outro lugar”.
Contamos
o tempo para que, o instante seguinte, possamos fazê-lo diferente. E diferente
deveria significar para melhor. A gente sabe que não é bem assim. Não
aproveitamos o tempo tanto quanto deveríamos para aquilo que acabaria se
configurando como o melhor.
Extremei
no texto o colapso do tempo, que é a morte. A parada da contagem. O
desligamento definitivo do cronômetro. O nunca mais.
Estive
em reuniões de trabalho presencial na quarta-feira e soube lá que um dos
participantes estava com suspeita de ter contraído o vírus o que veio se confirmar
anteontem.
Sou
obrigado a confessar que a possibilidade de eu ter sido infectado modifica
substancialmente o meu olhar para a questão. “Não vai acontecer comigo” é uma
das expectativas mais frustradas a que estamos expostos.
Aquilo
que é provável quando se torna iminente, nos expõe ao óbvio. E é o óbvio que
nos escandaliza, como queria Nelson Rodrigues.
Até
que passe o período da eventual encubação para se confirmar ou não a
positividade em um inevitável exame, aguça em mim a reflexão.
Devia ter amado
mais
Ter chorado mais
Ter visto o Sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar
O acaso vai me proteger é uma das
afirmações mais tolas.
Acaba em Epitáfio. Ainda que, também,
poema belíssimo dos Titãs.
Até breve, espero.
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