“Siga seu luar interno; não esconda a loucura. Noticie o que você noticia”.
(Allen Ginsberg)
Não estou bem certo, acho que me disseram que foi, nos idos
dos anos 70, um político mineiro quem disse: “O que importa não são os fatos,
mas a versão que damos a eles.”.
A modernidade digital exponenciou os efeitos dessa assertiva.
Especialmente em tempos globais de distanciamento, recolhimento, solidão
compulsória.
Versão não é fake nem trolls, embora dependa de quem as
produza e suas intenções. Assim como os fatos.
Factóide não é versão, embora dependa de quem o produza.
Assim como as versões.
O que vale dizer que o que é, depende.
A Rede Globo, no Brasil, assim como a RAI, na Itália, e
tantas outras redes criaram uma versão de país. A rede digital cria uma versão do
mundo. Não há nada que passe sem um like.
Parece claro que a linguagem explicita o individual e o
coletivo, tanto consciente quanto inconsciente. O que vale dizer que estamos
todos em uma rede de versão dos fatos (sem trocadilho). Se é que eles, de fato,
acontecem.
Coloque uma pitada de influencers, que proliferam aos
milhares fixando marcos de referência para construir versões tácitas.
Dizer que, portanto, tudo é uma mentira cabeluda, não é de
todo uma verdade. É apenas uma versão.
Ou então, uma aversão a tudo que está aí.
Se me perguntarem aí é onde, juro que crio um verso. O único
lugar em que se encontra toda a verdade.
Um poema.
A beleza salvará o mundo.
Até breve.
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