quarta-feira, 7 de outubro de 2020

REDE

 

Publiquei em minha página do FB:

Mais de duas pessoas, gentilíssimas, perguntaram-me sobre minha ausência daqui e do meu blog.

Respondo: estou reduzido à minha insignificância, tentando ocupar-me com aquilo que sobra de mim.”

 

Claro que “insignificância” resume numa provocação aos afetos. Do lado de cá eu peço atenção, como desde sempre o fiz.

Adoro o palco, holofote, ribalta.

Imagina se minha luz não fosse incendiosa, reluzente, esclarecedoramente provocante. Especialmente agora, covidante tensão no obscurantismo que grassa.

Recolher-me é sempre um trabalho articulado de fuga, um ato de loucura controlante. Não fosse essa loucura, estaríamos em cavernas, recolhidos aí sim à insignificância natural.

De jeito maneira nenhuma, sem chance.

Agulhar ruge, ou será urge?

Sempre souberam todos que a pretensão é traço da minha humildade. Eu sempre soube de um tudo que interessa. O resto é frangalhos, outros alhos, bugalhos.

Vou direto ao ponto.

Isolar-se é um ato necessariante. Mesmo que alarmado pelos circunstaciamentos virais. Não sei por que, mas lá atrás, de há muito imaginava que um dia em acabaria sozinho aqui luziamente falando.

Santa Luzia é padroeira dos olhos, pelo menos eu acho.

Aqui, do alto de minha solidão compulsória e compulsiva, dá para ver uns trens, bem encadeadamente, um com o outro, um a partir do outro, um condicionando outro, como numa teia.

Urge a Existência.

Assisti na Netflix o filme do dilema das redes. Os caras que inventaram o monstro querendo que seus filhos não padeçam das garras. Bacana o contemporâneo, tem alucinação geral até sem pico na veia.

É só sair das cavernas e com néctar, pirar geral.

Tem trocentos anos que passo por uma avenida em BH, a Cristiano Machado. Diversos viadutos cruzam a via sustentados por pilares. Em alguns deles foram pintados poemas. Simbólica imagem. A poesia como sustentáculo dos andares.

“Pássaros voam livres presos por ares”... (verso de um poema).

 

Voltei às garras.


Até breve.


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