quinta-feira, 16 de abril de 2020

HEMORRAGIA





Há décadas o Estado Brasileiro (todos os poderes constituídos) vem sendo governado com base no trinômio: impotência (por força de diferentes circunstâncias); incompetência (de diferentes naturezas) e corrupção (com diferentes graus de ganância).

Some-se a isto ou credite-se a isto o DNA que molda a sociedade brasileira. O Brasil, provavelmente, é o único país que primeiro se fundou o Estado e depois a Sociedade. O que vale dizer: toda a sociedade demanda ao Estado diferentes benesses. Do miserável às elites proprietárias.

No final da década de oitenta eu participei de um seminário com japoneses que traziam ao Brasil os primeiros conceitos do que viralizou logo depois nas organizações: a Gestão pela Qualidade.

Lembro-me bem que um dos colegas participante dirigiu a um dos membros da delegação japonesa a questão se a derrota na Segunda Guerra teria determinado a extraordinária reconstrução de seu país e que se, na opinião dele, o Brasil teria que passar por uma situação semelhante para viver a mesma experiência.

- “Um processo inflacionário como vive o Brasil já teria determinado uma revolução no Japão”, respondeu o inquirido com gentileza nipônica.

Em fevereiro de 1989, mês de 28 dias, o Brasil sobreviveu a uma inflação de 84,32%.

Levantei hoje com a pergunta do colega participante daquele seminário, realizado há mais de três décadas, e a formularia para os dias presentes: o Brasil vai esperar outra pandemia para fazer o que precisa ser feito e afinal se tornar o país do futuro que desde criança ouço dizerem?

Eu temo que não, embora o deseje com toda a minha esperança que resta.

Basta acompanhar o dia-a-dia dos administradores de plantão. Ouvi agora um membro do Estado Brasileiro dizer que a reforma administrativa ficará para o ano que vem, que a prioridade agora é a pandemia.

Pois muito bem, há sete anos o Estado arrecada menos do que gasta e para 2020 estima-se, por baixo, um rombo de R$150bi. O Congresso Nacional vota a adição ao rombo de algo próximo de mais R$500/600/700 sabe-se lá quanto para enfrentar a guerra, ou melhor, o vírus.

E tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.

Os miseráveis recebem auxílio e as elites proprietárias socorro de um tesouro combalido. Na máquina, que emperra o país há décadas, impotente, incompetente e ainda corrupta, nada acontece.

Quanto custa à sociedade o Estado Brasileiro para ela viver de uma ilusão democrática? Esse gigante mastodôntico, monstruoso, sufocante até quando se esconderá na lamentável ignorância de seus cidadãos, mesmo os ditos mais esclarecidos?

É hora de voltarmos a 2013 e, mesmo que de casa, gritarmos: BASTA!

Ops! Desculpe-me leitor. Foi só mais um post da minha ma(l)udita verborragia.

Vou me preparar para uma reunião com cliente: estamos discutindo como enfrentar a gripezinha que vai passar em três meses e implicará em algo apenas de 5% a 6% de empobrecimento do país.


Até breve.

3 comentários:

  1. É a nossa triste realidade mestre Agulhô. Abraço 🤗

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  2. É apenas mais um dos inúmeros diagnósticos, querida. Nos falta ação terapêutica e ela não é mesmo de fácil articulação. Grande abraço.

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  3. Voltar a 2013, com ressalvas. Nada de domingos. Nada de passeatas sem quebrar. Tem de ser revolta. Partir tudo. Não mexer em dinheiro. Quebrar bancos.

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