Ouvi
ontem de um amigo que ele tem procurado não assistir ao jornalismo da noite,
porque se sente invariavelmente deprimido com as notícias diárias.
O
fato de eu não assisti-las pode até atenuar a minha depressão, mas os fatos ou
a versão que dão aos fatos estão ali. E, em alguma hora, eles podem me afetar
direta ou indiretamente.
Melhor
estar atento ao quê e ao quê se diz que se passa e elaborar alguma
interpretação para consumo próprio e/ou compartilhar.
Quiroga,
hoje no Estadão:
“O estresse, o desânimo, a
desvalorização de tua presença, o desencanto nos relacionamentos, as
dificuldades para obter o que desejas; é enorme a lista de causas para tua
vontade de parar o mundo e fugir a outra galáxia onde tudo seja equilibrado e
pacífico.
Tu precisas descansar, isso sim, e voltar a
ter juízo imparcial sobre os acontecimentos, e se nunca conseguiste ser
equânime nos teus pensamentos, é isso que precisas conquistar, porque para o
ser humano não existe uma vida desprovida de complexidades.
O panorama bucólico de retorno à
natureza, em paz com animais, plantas e minerais, sinto te informar, essa não é
uma experiência humana, mas um retrocesso, uma auto aniquilação lenta provocada
pela renúncia ao teu destino humano, que é aprender a surfar com destreza nas ondas
complexas da percepção humana.”
Divirto-me
muito com Quiroga. Tendo eu lido zilhões de letras em livros, craneado alguma
interpretação da realidade, pensado inúmeras horas a fio, esse astrólogo, que
de quando em vez trago à post, sempre me convida a uma gostosa provocação.
Posso,
então, não me deparar com notícia de que em Manaus estavam enterrando cadáveres
em valas comuns, vítimas ou não da COVID-19, empilhadas em três urnas
funerárias, dada a dificuldade de espaços nos cemitérios da prefeitura municipal.
As famílias protestaram e voltaram aos enterros de uma ao lado da outra.
Posso,
tendo falado em urna funerária, lembrar-me de outra urna, esta mortuária, aquela em que depositamos o nosso voto digital nas eleições de 2018.
A
frágil democracia brasileira nos expôs à escolha entre o ruim e o péssimo. E
ali morremos um pouco em nossas mais do que desgastadas esperanças. Como me
deprimo há anos assistindo a diversas tendências jornalísticas fiz minha
equação e deixei meu voto no número 69, quando os elegíveis foram o 13 e o 17.
Para quem não se lembra 69 refere-se à determinada posição de gozo. Para alguns
mais rigorosos moralmente, pornografia escrachada.
De
fato a realidade sugere alternativas. Por exemplo: ao invés de deprimir com o
grotesco e cruel, porque não deliciar assistindo a live da Ivete? Assistiram?
Não percam. A celebridade se apresenta de pijama com o marido e o filho na
cozinha da casa dela.
Tem
gozo prá tudo.
E daí?
Até
breve.
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