Estou
dando um tempo para que o tempo retempere outro tempo. Tempestivamente,
urgentemente. Assim mesmo, reiteradamente.
Mais
do que quarenta dias, para uma reflexão que forje outros quereres, outros
pensares, outros sentires.
Ontem
passei a manhã em reuniões via Skype com clientes. Estou em Santa Luzia, em
minha morada rural onde o tempo difere muito de BH, lugar em que vivo a maior
parte de minhas horas.
Próximo
da hora do almoço resolvi me vacinar contra a influenza. Cheguei ao Posto de
Saúde às 12:02h e a atendente me disse que a vacinação seria interrompida para
que a enfermeira fizesse o seu horário de almoço, iniciado às 12:00h. Que eu
voltasse às 13:30h.
Fui
a minha casa e almocei. Às 13:20h estava de volta ao PS. Na minha frente doze
pessoas aguardavam o pico. O tempo médio de aplicação foi calculado em 4
minutos. As 13:44h, tendo vacinado seis pessoas que estavam a minha frente na
fila, a enfermeira saiu da sala de atendimento e comunicou a mim e aos demais
que aguardavam na fila (6 a minha frente
e 15 pessoas atrás), que a vacina tinha acabado e que a gerente iria buscar
mais.
Durante
os cinquenta minutos que se seguiram até o retorno da profissional com
vidrinhos contendo a porção imunológica e miraculógica, houve um frisson geral
entre os velhinhos.
-
Este é o Brasil!
-
Um absurdo!
-
É assim que somos tratados!
Alguns
muito alterados com seus dedos em riste. Incitavam outros que chegavam ao PS
adensando a aglomeração. Na recepção um cartaz convidava para a temperança:
“Desacatar servidor público no exercício de suas funções é crime”.
Saí
de lá, vacinado também contra raiva, por volta das 15:00h correndo para casa.
Estava agendado para outra reunião exatamente neste horário.
Às
17 e pouco fui para o jardim de minha casa e me deparei com um botão que apontava
majestoso para cima. Coloquei meu olhar fixo sobre a maravilha e freneticamente
desejei que ele se tornasse rosa no tempo que eu suportasse acompanhar o
processo.
A
gente sabe que não é assim o tempo.
Hoje
pela manhã, por volta das seis horas, voltei ao botão. Ele ainda não se fez
flor, está lá gozando o seu tempo de preparo, ensaia o perfume e a beleza que
deixará para o tempo enquanto durar.
Até breve.
Sua marca registrada, começar um assunto, e mostrar outro, da raiva da fila, a espera paciente pela flor se abrindo. Lindo demais. Um abraço.
ResponderExcluirLinhas tortas, frases soltas, sentido ambíguo, tudo junto e misturado. Gosto muito do seu incentivo. Beijo, querida.
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