Amanheci
com a alma banhada pelas chuvas, por aquilo que as águas nos trazem de melhor:
o verde e, com ele, todas as cores naturais.
Da
sala de minha casa em Santa Luzia, cidade castigada por enchentes, observo a
explosão da mata, como se ela invadisse minha vida adentro com seus galhos e
ramos magnânimos.
Claro
que falo de privilégio conquistado por mais de cinquenta anos de trabalho
profícuo, o que atenua um pouco o desconforto por merecê-lo. Não me isento da barbárie
distributiva, mas minha penitência não deve impedir que eu goze daquilo que
edifiquei.
Quase
mil e duzentos posts editados aqui e para quem leu a maioria deles sabe quão crítico
e amargo fui a partir de um olhar para o que se passa.
Hoje
não!
Meu
coração não se alegra, mas se compraz. Quero agora, enquanto escrevo, que algo
ilumine o viver. Coloquei meus olhos, em tempos de seca, sobre a mesma mata que
agora me invade. Foi doído. E hoje, ela me diz exuberante: “haverá um novo
tempo”.
Não
é atoa, então, que colamos o verde à esperança.
Nas
inúmeras conversas que tenho comigo, algumas acaloradas e quase de ruptura, e
por força de ter me embriagado de Montaigne, saio delas perscrutando com avidez
o porvir.
E
agora, sinto-o pouco. O tempo que me resta esgota-se mais rápido. Na juventude
eu o administrava como inesgotável, abundante, não perecível. Agora, cada
segundo é verdadeiramente: nunca mais.
Estou
iniciando um trabalho, junto a parceiros que admiro, no qual quero investir o
melhor de meus conhecimentos amealhados no percurso profissional e legar algo
que de fato signifique.
O
advento da avalanche tecnológica arrastando uma Era e inaugurando um tempo
absolutamente não sabido nos coloca catatônicos, provavelmente como nunca na
medida em que democratiza informações de largo espectro.
"Como
será o amanhã? Como vai ser o meu destino? Já desfolhei o mal-me-quer. E vai
chegando o amanhecer. Leio a mensagem zodiacal e o realejo diz que eu serei
feliz, sempre feliz."
Como
será o amanhã?
Há
que cria-lo. Dos fundamentos ao êxito, passa necessariamente pela coragem de
cada um pela escolha (tarefa mais aguda do processo) de seu propósito.
Nietzsche
me ajuda: “Quem tem um quê pelo que viver não se importa como”.
Parece
coisa de autoajuda. Sim, é provável que mereça críticas desta natureza. De mim
sei que será densa, quase uma alta ajuda.
Quero
viver para realizá-lo.
Até
breve.
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