terça-feira, 28 de janeiro de 2020

PROPOSITO






Eu estava em Paris e o cinema completava 100 anos. 

Nas paredes dos portais da Praça Trocadero acontecia projeção de diversas cenas antológicas produzidas pela Sétima Arte. A cidade luzia. Os jardins da praça de 90.000m² exalavam um perfume de dar nos nervos.

Sempre me encantei com o cinema.

Ontem fui assistir 1917. Concorre ao Oscar e, embora eu já tenha meu favorito, devo considera-lo cinema na veia. Sam Mendes dá um show de direção e nos coloca em cena junto aos atores durante toda a projeção.

Dado momento observei, tanto quanto eu, pessoas se mexendo nas poltronas. As câmeras, suponho embarcadas em drones, fazem com que nos arrastemos, assustemos, transpiremos, enfim, expericiemos tudo o que o filme pretende mostrar.

A cinematografia é uma das áreas que mais tem aproveitado do avanço tecnológico, está sempre explicitando o estado da arte e adiante de seu tempo. 1917 é uma prova contundente de quanto os meios contribuem para os fins a que se propõem os seus brilhantes produtores.

Cenas como a da queda do avião bombardeado em combate é um primor da tecnologia conjugada com o brilhantismo da direção. Difere de tantas apelações computadorizadas de filmes corriqueiros e exclusivamente comerciais, e nos coloca diante de uma visão muito próxima daquilo que nos parece verdadeiramente real.

 “O grande foco do diretor Sam Mendes é contar uma história sobre o homem e não sobre a guerra em si. Com tal abordagem, 1917 nos faz refletir sobre o que pode levá-lo mais adiante: a vontade de voltar para casa ou o senso de responsabilidade para com sua pátria. E, dessa forma, o diretor transforma seu filme numa jornada repleta de emoção e altos e baixos. É uma experiência definitivamente imersiva e muito intensa – e o fato de Mendes ter estabelecido uma narrativa no formato de um falso plano-sequência é o que amplia as sensações que o público receberá sem qualquer resistência.” (Crítica A guerra em primeira pessoa, por Barbara Demerov, no site Adoro Cinema).

Mesmo que o roteiro em si seja banal e recorrente, a trilha sonora, a iluminação, as locações e os, suponho, caréssimos cenários dão um elevado padrão de qualidade ao filme.

Quero voltar a Trocadero daqui cem anos e me sufocar de luzes e de perfumes. De quebra revisitar emoções vividas a partir de cenas projetadas nos portais da praça.

O cinema assim o permitirá.


Até breve.

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