Eu
estava em Paris e o cinema completava 100 anos.
Nas paredes dos portais da Praça Trocadero acontecia projeção de diversas cenas antológicas produzidas
pela Sétima Arte. A cidade luzia. Os jardins da praça de 90.000m² exalavam um
perfume de dar nos nervos.
Sempre
me encantei com o cinema.
Ontem
fui assistir 1917. Concorre ao Oscar e, embora eu já tenha meu favorito, devo considera-lo
cinema na veia. Sam Mendes dá um show de direção e nos coloca em cena junto aos
atores durante toda a projeção.
Dado
momento observei, tanto quanto eu, pessoas se mexendo nas poltronas. As
câmeras, suponho embarcadas em drones, fazem com que nos arrastemos,
assustemos, transpiremos, enfim, expericiemos
tudo o que o filme pretende mostrar.
A
cinematografia é uma das áreas que mais tem aproveitado do avanço tecnológico, está
sempre explicitando o estado da arte e adiante de seu tempo. 1917 é uma prova
contundente de quanto os meios contribuem para os fins a que se propõem os seus brilhantes produtores.
Cenas
como a da queda do avião bombardeado em combate é um primor da tecnologia
conjugada com o brilhantismo da direção. Difere de tantas apelações
computadorizadas de filmes corriqueiros e exclusivamente comerciais, e nos
coloca diante de uma visão muito próxima daquilo que nos parece verdadeiramente
real.
“O
grande foco do diretor Sam Mendes é contar uma história sobre o homem e não
sobre a guerra em si. Com tal abordagem, 1917 nos faz refletir sobre o que pode
levá-lo mais adiante: a vontade de voltar para casa ou o senso de
responsabilidade para com sua pátria. E, dessa forma, o diretor transforma seu
filme numa jornada repleta de emoção e altos e baixos. É uma experiência
definitivamente imersiva e muito intensa – e o fato de Mendes ter estabelecido
uma narrativa no formato de um falso plano-sequência é o que amplia as
sensações que o público receberá sem qualquer resistência.” (Crítica A guerra em primeira pessoa, por Barbara Demerov,
no site Adoro Cinema).
Mesmo
que o roteiro em si seja banal e recorrente, a trilha sonora, a iluminação, as
locações e os, suponho, caréssimos cenários dão um elevado padrão de qualidade
ao filme.
Quero
voltar a Trocadero daqui cem anos e me sufocar de luzes e de perfumes. De
quebra revisitar emoções vividas a partir de cenas projetadas nos portais da
praça.
O
cinema assim o permitirá.
Até
breve.
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