Eu
parasito. Tu parasitas. Ele parasita. Nós parasitamos. Vós parasitais. Eles parasitam.
A
ação é conjugada em todos os tempos do Verbo.
No
parasitismo, relação que se estabelece entre organismos de espécies diferentes
(relação interespecífica), um dos indivíduos envolvidos instala-se no corpo do
outro para retirar alimento. O organismo que retira o alimento é o parasita,
enquanto o que está sendo parasitado é o hospedeiro.
No
parasitismo, apenas um dos organismos envolvidos é beneficiado e o outro é
prejudicado. Esse tipo de relação não gera a morte do hospedeiro, pois, quanto
mais tempo ele viver, mais tempo terá o parasita para alimentar-se. Para isso,
é fundamental que o parasita não retire do corpo do hospedeiro muitos
nutrientes, pois este ficaria muito debilitado e acabaria morrendo, o que levaria
o outro organismo também à morte.
Talvez
você usufrua deste texto sem já ter se hospedado no filme (vencedor de todos os
prêmios em que concorreu), o último deles O Globo de Ouro: PARASITA. Vai ganhar
o Oscar junto com Coringa, um como melhor filme estrangeiro e o outro como
melhor filme do Império.
PARASITA
é produção sul-coreana. Emblemático né?
O
filme remete à questão: quem é parasita de quem? Ou se, no fundo, todos nós
parasitamos, como sugiro no início do post?
A
trama contempla a participação de um dos personagens como o maior arquiteto do
mundo, projetista da casa em que o filme se desenrola. O criador do filme concebe
dois mundos: um às luzes e outro subterrâneo e usa do personagem arquiteto para
explicitar sua intenção simbólica.
A
casa, magnifica, tem uma sala lançada para um jardim soberbo, quase um paraíso
para a contemplação. A casa, monstruosa, tem um porão que hospeda algo de
demoníaco.
Céu
e Inferno como lócus, o Onde em que tudo se passa.
O
roteiro enxerga na violência o único desfecho possível para o choque entre a
pobreza extrema e a riqueza ostentatória, entre a educação hipócrita do patrão
(que até gosta dos empregados, apesar de terem “cheiro de metrô”) e a
agressividade represada dos funcionários.
O
filme constrói uma bomba-relógio, acentuando as diferenças e as injustiças
sociais até vê-las explodirem num clímax sangrento. Deste modo, representa de
modo alegórico a luta de classes, as ideias de posse e de apropriação na era
contemporânea. Telefones celulares, “varandas gourmet”, quartinhos dos fundos –
tantos elementos representativos dos tempos em que vivemos.
Para
que uma família ocupe a casa, símbolo máximo do sucesso, é preciso que outra se
retire, nem que seja pela força. Para ascender ao topo da pirâmide, o único
caminho é a guerra.
Existe
ainda um caso de parasitismo que é conhecido por muitos biólogos como
parasitoidismo. Nessa relação, observa-se a morte do hospedeiro, fato que, de
maneira geral, não ocorre nos casos de parasitismo. Como exemplo clássico de
parasitoidismo, podemos citar as vespas, que colocam os ovos no interior de
alguns artrópodes. Após eclodirem, as larvas alimentam-se do hospedeiro ainda
vivo. Depois de algum tempo, elas matam o hospedeiro e emergem de seu interior.
Eu
entenderia isto como o que mais nos aterroriza quando o Império ataca.
Até
breve.
NOTA: Assisti o filme gravado em pen drive por um amigo. Muito do que sugamos vem dos porões. Que ninguém, inclusive eu, se considere desparasititico.
Filmaço! Curioso como o filme é universal, se passa na Coréia e poderia ser em são paulo ou belo horizonte. É a sociedade moderna e a natureza humana expostas.
ResponderExcluirSerginho
Pois é, Serginho. O filme se passa na Coreia.
Excluir