No
post de ontem disse uma impropriedade. Não somos governados pela mentira. A
mentira é inerente à política. Seria desnatural não fosse. É da natureza, da
essência da Política, especialmente a que se nomeia democrática a visão
partida, portanto, tendenciosa.
Todo
partido parte de uma perspectiva partida, portanto fundado em interesses do
grupo a que se (com) promete. Adoro construções onomatopaicas.
A
única corrente que cobre o universal (não partida) é fundada nos modelos
totalitários, nazifascistas. Portanto, uma única perspectiva é inerente à
ausência da política partidária. Só há Um que verdadeiramente governa.
O
Estado sou eu!
A
sociedade vive nessa sinuca de bico: entre a mentira (partida) e a verdade
única (oniversal). Quanto mais vulnerável culturalmente um povo mais
aguda é a sinuca.
Vejam,
por exemplo, duas decisões do atual desgoverno. A dita maior de todas as
iniciativas no campo da cultura contempla, em 2020, o investimento de R$20
milhões para o incentivo da produção artística em diferentes modalidades: de
ópera a história em quadrinhos. Poesia não faz parte, o que me parece
absolutamente compreensível.
Passa-se
uma borracha e apaga-se com a demissão do Secretário Suástico, portanto ninguém
sabe se o vultoso incentivo permanecerá. De minha parte vou adorar saber a
comissão censora, ops, julgadora.
A
outra decisão é de destinar para as eleições municipais do ano de 2020 o
montante de R$2bilhões para o Fundo Partidário.
Atentem
para o detalhe: o investimento na bandalha dos Pequenos Partidos Grandes
Negócios corresponde a 100 vezes aquele que se destinará ou se destinaria aos
infelizes marginais produtores de cultura.
Juro
a vocês que se o blog não fosse de grátis eu não escreveria uma linha. O pior é
que na medida em que vai passando o meu tempo fico mais amargo, sem graça,
quase desgraçado.
Embora
esteja gozando do privilégio de merecidas férias fecho a semana com uma
profunda tristeza. Ontem fomos à Santo Antônio de Lisboa, Floripa, e nos
deparamos com um artista de rua nos oferecendo um CD de sua autoria.
Pedi
a ele que nos desse uma pala para que pudéssemos saber qual era a dele. Levou-nos
para debaixo de uma árvore e nos brindou com um blues de sua autoria. Só não lacrimei porque minha alma tá seca.
Disse-nos
que os comerciantes ao longo da orla chamam a polícia se ele incomodar os
turistas.
Retomo
amanha meu cotidiano perplexo: como um país de mais de duzentos milhões de
pessoas se permite tal aviltamento.
Entre
a mentira partidária da vil democracia e a perspectiva do Oniversal opto, e
cada vez mais, pela minha alma anárquica.
Aos
setenta serei inimputável.
Até
breve.
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