sábado, 7 de dezembro de 2019

APRENDIZ






Opto por viver à margem.

Especialmente depois de ser brindado pela leitura de poema, do qual retiro um fragmento e o coloco em epígrafe, forjado por poeta-maior, que está por vir, e não me sinto autorizado a revelar.

Há muita pequenez no continente, sofro de ilha.

Olhado na perspectiva daqueles que supostamente governam e na daqueles que se a sujeitam, fica insosso o drama. Não me vale a pena forjar nenhum dizer, jamais retirará dos ouvidos ensurdados a mesma cantilena.

Juro que prefiro a utopia. Claro que será sempre um voo solo, insofismável.

Aquela feita no miúdo crescer dos anos a fio, lenta, gradual, sedimentada pela convicção de marchar a caminho de uma solidão. Profunda, irreversível e absoluta.

Ademais, a quem interessa senão a mim e somente a mim por ter sido parido? E assim. No lugar do que já esteve escrito aqui e, por força de uma queixa profunda, refaço com algo adquirido hoje de Borges: “Embora a vida de uma pessoa seja composta de milhares e milhares de momentos e dias, esses muitos instantes e esses muitos dias podem ser reduzidos a um único: o momento em que a pessoa sabe quem é, quando vê diante de si.”.

Portanto, não me permito senão defluir, bordejando das têmporas. Há de haver um tempo em que tudo será afinal proibido de proibir.

E a liberdade, como queria Cecília, essa palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda, virá em vendaval.

Da dor de conquista-la é do que se falar carece.

Todo santo dia.

Diária e cotidianamente.

Mesmo que coração e mentes doam, e doam de um tanto que pareça mazela aplacável por antidepressivos.

Danem-se os conformes, como se houvesse mesmo uma lógica plausível de destinos. Não, não e não.

Viver sempre há de ser uma negação do absoluto, nunca e talvez aqui seja nunca mesmo, terá outra dimensão.

Sim, no lugar de um Tudo indizível, a poesia grita.

Ave, Poeta!



Até breve.

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