"Loucura é a saída de
emergência! Você só precisa dar um passo para trás e fechar a porta com todas
aquelas coisas horríveis que aconteceram… presas lá dentro… pra sempre.”
Coringa.
"Nós deixamos de
procurar os monstros embaixo de nossas camas,
quando percebemos que eles estão dentro de nós".
quando percebemos que eles estão dentro de nós".
Coringa
O
cinema me fascina. Fosse outro eu teria o maior empenho em estuda-lo a fundo.
Meu desleixo e minha preguiça intelectual me privam do sabor das entranhas que
fazem a Sétima Arte.
Esse
termo surgiu em 1911, dado pelo teórico e crítico de cinema pertencente ao
futurismo italiano Ricciotto Canudo no "Manifeste des Sept Arts"
(Manifesto das Sete Artes), documento que foi publicado apenas em 1923.
Através
do manifesto, Canudo pretendia distanciar a ideia de que o cinema era um
espetáculo para a massa, mas aproximá-la e integrá-la a categoria das Belas
Artes, como a Música, Pintura, Escultura, Arquitetura, Literatura e a Dança.
Para ele, o Cinema é uma arte “síntese”, uma arte total, que conciliava todas
as outras artes.
Outro
dia, propus aqui meu voto ao Nobel de Literatura para o Tarantino pelo seu Era
uma vez... no Oeste. Não foi à toa.
Ontem
fui assistir ao Coringa.
Toda
Arte é maior quando sugere múltiplas interpretações. Esse filme, protagonizado
pelo soberbo Joaquim Phoenix, nos permite infinitas abordagens.
Se
Phoenix, que como um sol toma todas as cenas para si (os demais atores são como
planetas orbitando em sua gravidade magistral), tivesse apenas se sujeitado à
transformação física e criado a risada que provoca calafrios, seja pelo som
emitido ou pela conjuntura de sua existência, já seria suficiente para um belo
trabalho. Entretanto, ele vai além ao entregar uma variedade imensa de perfis
multifacetados que compõem o personagem, provocando espanto e admiração em
doses fartas.
Senti
calafrios pelo que se configurava como uma interpretação ao longo da narrativa
que propunha a loucura do Coringa, ou melhor, de Arthur Fleck como não apenas
justificável, mas, sobretudo, quase perdoável. Acompanhamos a saga de Arthur a
cada novo fracasso, assistindo à mudança da meiguice inicial rumo a um
personagem cada vez mais duro e decidido, em todas as etapas de uma
transformação decorrente muito mais dos vícios da sociedade do que por falhas
suas.
“Sou
eu ou o mundo está ficando mais louco?”
CORINGA
nos deixa perplexos a partir daí. Este personagem ultrapassa a história de um
homem e nos convida a pensar em algo que se torna a cada dia mais contundente:
o declínio dos modelos civilizatórios.
Este
CORINGA nos deixa uma tragédia sem heróis.
“Gothan
se perdeu.”
Até
breve.
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