A atriz Andreia Horta foi perguntada em entrevista como
gostaria de morrer em cena.
- “Discreto e silencioso meu coração pararia
de bater e eu morreria elegante, sentada em um trono de rainha olhando para a
plateia sob um foco de luz”.
Lindo,
não?
Pois
é.
Estou
lendo Como Viver (*) de Sarah Bakewell, por quem me apaixonei depois de ter
lido, dela também, No Café Existencialista. Recorro à orelha do livro para eu
me fazer entender.
Excêntrico,
preguiçoso, inconsistente, esquecido, Montaigne é o filósofo que quebrou um
tabu e falou de si mesmo em público. Mais de quatrocentos anos depois, sua
honestidade e seu charme continuam atraindo admiradores.
Leitores
o procuram em busca de companhia, sabedoria, entretenimento – e em busca de si
mesmos.
Este
livro é uma fonte valiosa de pequenos conselhos: ler muito, mas manter a mente
aberta; ser sociável, mas nos reservar um “quartinho” só nosso; observar o
mundo a partir de ângulos diferentes, evitando assim rigidez nas crenças.
Embora
não tenha encontrado uma resposta definitiva, Montaigne nunca deixou de fazer a
pergunta “como viver?”, isto é: como
equilibrar a necessidade de sentir-se seguro com a necessidade de sentir-se
livre?
Como
superar a perda de uma pessoa que você ama? Como evitar discussões sem sentido?
Como lidar com fanáticos? Como aproveitar ao máximo cada momento, para que a
vida não escorregue despercebida por entre seus dedos?
Sarah
Bakewell nos convida, na esteira de Flaubert, “a ler não para se divertir, como
fazem as crianças, ou para ser educado, como fazem os ambiciosos. Ele nos
convida a ler para viver”.
Acho
que este post resulta do anterior, quando eu me referia a uma pergunta que alguém
me fez sobre a Vida. No sábado passado, quando ocorreu o episódio, eu estava
suficientemente embriagado (como se o álcool fosse mesmo necessário para me
desnudar), e respondi que “estava pronto”.
Pronto
para quê, devem ter se perguntado.
A
obra essencial de Montaigne tem como título: ENSAIOS. E toda ela nos sugere a
pergunta feita à atriz caput deste post.
Até
breve.
(*) Bakewell, Sarah – Como viver, ou Uma biografia de
Montaigne em uma pergunta e vinte tentativas de resposta/Sarah Bakewell;
tradução Clovis Marques – Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
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