Dia
desses, em reunião familiar, perguntei à Lelê com quem que ela se parece. Não me
venham dizer que seja uma pergunta capciosa, porque claro que é.
-
Com você, vovô...
Olho
para os meus netos e procuro neles semelhanças para comigo. Repudio tudo que a
mim não corresponde. Já é sabida, por aqueles que comigo convivem, da minha
humildade exacerbada.
Não
foram poucas as vezes que me peguei olhando para uma foto minha quando menino
comparando com uma de Lelê. E também não foram poucas as vezes que expus a
tantas pessoas esta foto para dizer quanto Lelê, de fato, me puxou.
Mas
a sequência do diálogo acima me encheu de preocupação. Fá, a mãe de Lelê,
perguntou:
-
E você se parece com o vovô por quê?
-
Porque ele é doidinho.
No
dia das crianças ela ganhou um estojo de instrumentos médicos: estetoscópico, termômetro,
réplicas de brinquedo, naturalmente. Embora ela ande dizendo que quando crescer
vai ser médica, convém esperar para presenteá-la com os instrumentos reais.
Na
sexta-feira passada, eu estava com ela e o seu irmão Totô brincando no playground
do prédio onde moro, quando de repente ela me chama sentadinha em um banco defronte
a uma mesa de brinquedo.
-
Vem aqui, vovô!
-
Que foi?
-
Senta aqui na minha frente...
-
Já vou.
Ela
estava com os instrumentos médicos espalhados sobre a mesa e entre eles um
bloquinho para o receituário.
-
Senta moço!
-
Sim senhora, doutora.
Levantou
do banquinho, veio próximo a mim, pediu que eu abrisse a boca e “examinou”
minha garganta.
-
Moço, o senhor está com a garganta inflamada...
-É,
doutora?
-
Sim e o senhor vai tomar um remédio... Um xarope e chazinho... Pro senhor dormir
direitinho e não tossir, tá bem?
-
Sim, senhora. Posso ir?
-
Agora pode.
Até
breve.
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