“Abrimos nossa clareira e então vem a floresta retomá-la.
O único consolo é ter vivido a beleza de enxergar a luz entre as folhas:
em
lugar de nada, ter vivido alguma coisa”.
SARAH
BAKEWELL
Tenho
agradecido à Vida pelo privilégio de, a esta altura, poder “organizar” o meu tempo
segundo aquilo a que me proponho dedicar.
Assim,
da noite de quarta-feira passada até ontem pela manhã, voltei-me quase
exclusivamente aos meus netos.
Movimentei
agendas de trabalho, não escrevi, não li, não assisti filmes na telinha e nem
na telona, não me ocupei de notícias, desliguei celular, zapzap, emails.
Desconectei-me enfim, canalizei toda a minha energia para netar.
Só
reguei plantas, fiz compras, lavei vasilhas, em momentos em que os pequerruchos
estavam com olhares em outros ocupamentos.
Das
seis e pouco da manhã até por volta das vinte e uma horas de todos estes dias,
estive plugado na demanda da
garotada.
Do
preparo da refeição matinal, ao banho e ao preparo para dormir (algumas das
noites em cabana montada em meu quarto), foi dedicação exclusiva.
E
cada um é um, em tudo. Mesmo que as meninas quase sempre estejam em uma e os
meninos em outra. Mesmo que Liz queira algo que Lelê não queira, mesmo que Tim
queira só bola e Totô queira cada hora uma coisa outra.
Pela
manhã, a refeição: Liz, leite quente com Nescau e uma banana; Tin, vitaminão
com mamão, banana, maçã e leite frio; Totô, água no copo primeiro depois leite
em pó e um pouquinho de Nescau; Lelê, “esqueminha do vovô”, leite em pó, iorgute
de morango e água.
E
não necessariamente nesta ordem o que implica em protestos de um e de outro: “Vovô por que você fez o dele(a) primeiro?”.
No
sábado, em Santa Luzia, a casa ficou lotada com alguns parentes e amigos para
um churrasco. Aliviou um pouco porque chegaram mais sete ou oito crianças.
Pude
ocupar-me com um ou outro copo e logo estava “arrumado”. Estando eu em estado
catártico alguém (pelas minhas circunstâncias etílicas não me lembro quem) me
perguntou como estava a vida.
- “Eu
estou pronto.”, respondi.
Ontem,
bem cedo fui levar Pretinha, Liz e Tin ao aeroporto para voltarem para Lages. No
retorno, no carro ouvindo músicas, eu pensava em cada um de meus netos.
Ao
chegar em casa fiquei por alguns segundos olhando as marcas a lápis que faço no
marco de uma porta para medir a altura de cada um dos quatro.
Em
algum momento se apagará a largura do tempo.
E
como Neruda, poderei dizer: “Confesso que
vivi.”.
Até
breve.
Fiquei com os olhos marejados. Viva mesmo, pois não levamos nada daqui (que eu saiba), a não ser estes momentos.
ResponderExcluirAbraço Serginho