“Ser um homem que se
equilibra entre a indignação profunda do que seus olhos veem e a doçura tocante
do que pode perceber além disso. Se um dos dois vencer a batalha, o caminho,
talvez, tornasse-a algo temerário”.
Chico
Cesar
Sumi
daqui. Se fosse me justificar diria que por razões relevantes. Uma delas, a de
sempre há mais de cinquenta anos: o prosaico de ter que ganhar a vida. Letrar
sempre foi apêndice da minha existência.
Se
bem que, entre um palpite e outro em reuniões corporativas, li de Sarah
Bakeweel seu livro eleito um dos dez melhores do ano pelo New York Times, No
Café Existencialista – O Retrato da época em que a filosofia, a sensualidade e
a rebeldia andavam juntas.
Mais
de quatrocentas páginas de puro êxtase.
O
que é ser livre? Temos uma natureza fixa ou podemos ser o que escolhemos? Se
somos livres para moldar nosso mundo, como queremos que ele seja? O que é viver
uma vida honesta e autêntica? E por que nos esquecemos sempre de nos
maravilharmos por estarmos aqui, neste momento, nesta terra?
Essas
perguntas foram feitas pelos existencialistas, um grupo de filósofos e
romancistas cuja história se alongou dos anos sombrios do período entreguerras
até a efervescente Paris do fim dos anos 40 – e além.
Ao
confrontar os problemas mais básicos da existência humana, eles desafiaram a
ortodoxia de sua época e deixaram suas marcas na cultura jovem dos anos 60, nos
direitos civis e nos movimentos de libertação.
Eu
mesmo fui vítima. Cabelos nos ombros, barba por fazer, macacão jeans, camiseta
surrada, chinelos de sola de pneu. O assunto da filosofia é tudo o que você
vivencia, como e enquanto vivencia.
Minha
existência é ativa: vivo-a, escolho-a, e isso precede qualquer afirmação que eu
possa fazer sobre mim mesmo. Mesmo que isso se assemelhe ou se configure como
angústia, é assim a vertigem da liberdade.
Nos
muros – (caramba) as pichações, nunca as fiz e não sei se me arrependo.
ü É
PROIBIDO PROIBIR
ü UM
HOMEM NÃO É BURRO E NEM INTELIGENTE: É LIVRE OU NÃO É.
ü SEJA
REALISTA: EXIJA O IMPOSSÍVEL.
ü TÁ
TUDO CERTO, MAS TÁ ESQUISITO.
A filosofia
fica mais interessante quando seu perfil tem os moldes de uma vida. Da mesma
maneira que a experiência pessoal é mais interessante quando refletimos sobre
ela.
Talvez
estejamos prontos para voltar a falar de liberdade – e falar sobre ela de
maneira política também significa falar sobre ela em nossa vida pessoal.
A
citação que fiz de Chico Cesar, o iluminado paraibano, retirei de seu último
trabalho “O amor é um ato revolucionário”, dá conta da ideia.
Até
breve.
Bakewell,
Sarah – No café existencialista. O retrato de uma época em que a filosofia, a
sensualidade e a rebeldia andavam juntas / Sara Bakewell, 1ª edição – Rio de
Janeiro: Objetiva, 2017.
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